segunda-feira, 10 de agosto de 2009

SEMANA IX

TEMA DA SEMANA

AVALIAÇÃO E
SISTEMATIZAÇÃO



A PERGUNTA DA SEMANA:

O que você perguntaria sobre o tema Avaliação e Sistematização? Quais são seus questionamentos ao respeito desses temas? quais suas inquietações?.Coloque um pequeno exemplo de uma atividade avaliada e/ou sistematizada na qual participou. Explique como foi essa experiência.

Maria Clara responde:

A minha primeira pergunta para ambos os temas seria: Será que temos instrumentos de avaliação realmente eficazes? Percebo que a maioria dos que conheço esperam resultados específicos, e muitas vezes inúteis.... como se no final só servissem para a elaboração de estatísticas e não para o desenvolvimento de algo prático e com real espectativa de melhora tendo como base o que foi encontrado.Quanto à sistematização meu questionamento é com relação ao engessamento de possibilidades de trabalho. A sistematização é necessária, desde que flexível às necessidades encontradas em uma avaliação eficiente.Por exemplo: Dentro do Conselho fizemos durante dois anos um levantamento de todas as entidades, serviços, ONGs... enfim todo tipo de instituição que, de alguma maneira, direta ou indireta tivesse algum tipo de atuação na prevenção ao uso indevido de drogas em qualquer dos seus níveis; para que se pudesse elaborar as políticas públicas sobre drogas do município e também as estratégias municipais de atuação nesta área. A experiência foi excelente, pois pudemos vislumbrar uma grande rede de atenção não só ao usuário como aos que vivessem em situação de risco; no entanto, esbarramos em dois problemas básicos e fundamentais: a falta de comunicação, ou seja a dificuldade de divulgação dessa rede e consequente falta de funcionalidade dela, e a dificuldade de financiamento para aquilo que foi levantado como ainda sendo necessário a partir da avaliação final.

Mariana Navarro responde:

Atualmente trabalho na equipe de Acompanhamento e Avaliação de 52 projetos que compõem o Programa Vida Nova desenvolvido pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos de Pernambuco. Em nosso trabalho, realizamos visitas técnicas com o intuito de acompanhar e avaliar as ações desenvolvidas pelos projetos, de acordo com seus planos de trabalhos enviados no momento de firmação de convênio com a secretaria. Os projetos são desenvolvidos por municípios e organizações não governamentais e desenvolvem atividades de esportes, cultura, elevação da escolaridade e lazer, com crianças, adolescentes e jovens.
O monitoramento das instituições que desenvolvem ações na área da Assistência está previsto na Política Nacional de Assistência Social e é de fundamental importância para a qualidade das ações oferecidas aos usuários. No entanto, ainda encontramos bastante dificuldade em algumas instituições ou municípios devido à idéia que muitas mantém, do monitoramento como fiscalização, o que gera bastante resistência por parte dos profissionais e dificulta o trabalho de nossa equipe em pontuar eventuais dificuldades e orientar no sentido da resolução das mesmas.
No momento das visitas, acompanhamos as atividades, dialogamos com a equipe, com os usuários, com as famílias e com pessoas da comunidade, a fim de realizarmos uma avaliação de maneira integral, observando todas as partes envolvidas no processo. Para isso, utilizamos um instrumental que contém, entre outras coisas, os avanços, as dificuldades e as intervenções realizadas naquela visita. O instrumental, ao final da visita, é assinado por todos que participaram da mesma e uma cópia é deixada na instituição como forma de controle da equipe. A cada visita, são observadas as intervenções da visita anterior e o andamento das providências necessárias ao que foi pontuado como dificuldade.
Em relação à Sistematização, em meu trabalho anterior com adolescentes e jovens em conflito com a lei, participei da sistematização do trabalho desenvolvido com as famílias dos usuários. Este processo durou um ano e resultou na publicação da cartilha: Família: Base da Ressocialização disponível no site
www.retome.org.br
Acredito que a sistematização das ações, apesar de ainda estar ausente da rotina de grande maioria das instituições, constitui um dos recursos indispensáveis ao desenvolvimento das ações, pois, além de significarem o registro das mesmas, nos leva à reflexão a respeito do que já foi feito e do que poderemos fazer para melhorar cada vez mais nossas práticas.

Jaciara responde:

O processo de avaliação é de fundamental importância para qualquer ação.Deve ser processual e nunca só ao término.A avaliação deve acontecer antes, durante e após um projeto.Deve acontecer de forma horizontal, sistêmica e participativa, onde a percepção de todos são importantes para o bom desempenho no processo de qualquer ação. Mesmo não podendo participar da capacitação co Efrem Milanese, gostaria de contribuir.O processo que venho participando neste momento com a ajuda dos textos enviados me leva a um amadurecimento e aprendizagem, no qual vivencio na instituição e rede que participo:CASA DE PASSAGEM E REDE TECENDO PARCERIAS, reforça sobre a importância de trabalharmos em conjunto e nas comunidades,reconhecendo o saber popular e as minorias ativas para o fortalecimento da Rede de apoio social.Precisamos cada vez mais estabelecer que as nossas relações sejam de ensino-apredizagem com o diálogo onde não há dono da verdade, e sim construtores copletivos, ressaltando as competências e habilidades de todos.O tratamento comunitário facilita o desenvolvimento local e a prática de uma cultura de paz.

Rita responde:

Li os textos enviados e,com relação a avaliação minha questão seria aprofundar os tipos de avaliação especialmente aqueles que seriam mais úteis no Tratamento Comuniutário.
Com relação à sistematização, gostaria de aprofundar se sistematizar não fecha um pouco as portas ào novo, à flexibilidade.
Quando sistematizo algo parece-me que já digo "é assim que vamos fazer". Creio que cada situação é nova e quando se sistematiza algo, meio que já bloqueia o novo. Gostaria de esclarecimentos. Obrigada!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Doralice responde:

Tive poucas oportunidades de experienciar uma atividade de fato avaliada, que avaliasse resultados com indicadores,... As avaliações que pude acompanhar foram mais dirigidas à opinião dos usuários e dos responsáveis pelos serviços. Enquanto trabalhei na Senad achei muito interessante quando contrataram uma avaliadora externa para avaliar um dos cursos à distância que são realizados pela Secretaria. Ela desenvolveu uma série de instrumentos e estratégias que contemplassem boa parte do curso, desde material didático escrito, vídeo-aula, qualidade da tutoria, ... Para isto, entrevistou, aplicou questionários em representantes de todo o processo, desde tutores, parceiros institucionais, supervisores, cursistas, autores,... O resultado deste processo foi muito interessante pois trazia dados significativos para quem era responsável pelo curso. No entanto, caso os gestores não sejam sensíveis de fato a uma avaliação, pode ser um processo que traz resultados mas não modifica a realidade.

Patricia S responde:

Minha experiência na sistematização começou quando, ainda na faculdade, comecei a participar de um projeto de extensão atuando como alfabetizadora de jovens e adultos trabalhadores da construção civil da grande João Pessoa (Projeto Escola Zé Peão). Toda semana tínhamos que fazer o registro das atividades desenvolvidas, os sucessos, as dificuldades e o que estávamos propondo para semana seguinte a partir daquela análise. Era uma atividade penosa, nem sempre prazerosa, pois exigia disciplina, reflexão e sensibilidade com o fazer.
A coordenadora responsável pelo acompanhamento pedagógico fazia a leitura e dava um retorno no momento de apresentação e discussão do planejamento. Foram três anos nesse movimento, hoje sei o quanto esse processo me ajudou e me fez crescer. Não seria a profissional que sou hoje, sem que tivesse vivido essa experiência. Quando sentava para fazer meu relatório tinha que rememorar toda minha prática, sempre acabava vendo as coisas por outro prisma: poderia ter feito assim essa atividade, ou poderia ter usado esse material e não esse...
Lembro que o tema da sistematização fazia parte dos conteúdos discutidos no processo seletivo do projeto. Na formação inicial já fazíamos leitura e discutíamos sobre a importância de sistematizar as experiências. Tínhamos instrumentos (roteiros para o relatório semanal) e trabalhávamos muito com indicadores subjetivos aliados a meta final e principal: alfabetizar jovens e adultos operários da construção civil. Também tínhamos um método, princípios a seguir tudo isso dava um norte a nosso fazer diário.
Outro aspecto importante era o acompanhamento sistemático oferecido aos bolsistas. Para qualquer dúvida, tínhamos um porto seguro para conversar e discutir alternativas de intervenção mais eficazes considerando o contexto e a realidade do aluno. Depois vivenciei a experiência de estar no projeto como coordenadora e de acompanhar e orientar bolsistas, vendo a experiência por outro ângulo. Trabalhando na sistematização dos processos mais gerais, que não diziam respeito somente a minha sala de aula.
Ao começar trabalhar no Centro Dom Hélder Câmara foi difícil, pois tive que me adaptar a toda uma linguagem específica dessa área, compreender a dinâmica da Instituição para assim ter maior clareza do caminho e do ponto de chegada. Como já mencionei anteriormente, sistematização tem haver com disciplina, reflexão e sensibilidade. Acrescentaria ainda a socialização da experiência, garantindo a replicação da prática pedagógica. O desafio está em como fazer de forma significativa gerando prazer e aprendizado para quem esteja envolvido?
Acredito ser necessário compreender que existem várias formas e instrumentos para sistematização. Cada experiência, cada realidade se identificará com um ou outro instrumento dependendo da prática e dos objetivos fins da ação. Temos uma diversidade de ações e também uma diversidade de instrumentos.
A colega tem toda razão quando chama atenção para dicotomia existente: reconhece-se a necessidade da sistematização, mas ao mesmo tempo essa necessidade não é valorizada pelos órgãos financiadores. Deixo como contribuição a seguinte pergunta: como fazer o equilíbrio no processo de avaliação e sistematização dos aspectos qualitativos e quantitativos? Quais os instrumentos mais adequados para mesurar os aspectos qualitativos e uma experiência?

Sergio responde:

Penso ser necessário sistematizar a prática para produzir conhecimento, refletindo sempre sobre o que foi experenciado para aprimorar, torna-la mais consistente, servindo como metodologia de formaçao para outros profissionais.Minhas questões são a respeito da separação que ainda se faz entre avaliação e sistematização, já que o conhecimento é produzido daquilo que é relevante, dados obtido a partir da avaliação.A partir da leitura da conversa entre Cristina Meirelles e Rogério Silva, no texto sugerido, me pergunto se realmente é possível sistematizar qualquer prática, sem inserir juízo de valores naquilo que está sendo investigado, e o quanto esse fator interfere na produção de conhecimento.Participei em 2008, da avaliação do Programa Além das Letras, como pesquisador da casa 7. Tinham sido selecionados 20 municípios cujas secretarias de Educação mantinham programas de formaçao de professores. Os técnicos das secretarias recebiam consultoria pedagógica a distancia, e o projeto foi avaliado após um ano. Passei uma semana em um dos municípios que havia participado da formaçao, fazendo entrevistas, aplicação de questionários e grupos focais com técnicos, coordenadores, diretores e professores, além da aplicação de prova para alunos do segundo ano do ensino fundamental.Os dados foram copilados, avaliados quantitativa e qualitativamente, e os resultados indicaram que o índice de alfabetização e aprovação aumentou de 80% para 90%.Tornou-se clara a necessidade da continuidade do projeto.Posso dizer que foi uma experiência interessante no sentido da efetividade do método, da possibilidade de multiplicar o programa para outros municípios, etc, mas o processo em si é demorado e trabalhoso. Percebo que na prática de fato não temos o hábito de fazer registros de nossas ações, o que dificulta a criação de indicadores para avaliação, sistematização e multiplicação das ações.

Marta responde:

Acredito na importância de sistematizar as experiências para que essas possam ser refletidas e multiplicadas, servindo de referencia para outras pessoas, grupos ou organizações. Meus questionamentos são referentes ao que de fato leva uma experiência singular a influenciar políticas públicas? Sabemos o objetivo do que fazemos e para que fazemos?Registramos nossa prática para construir metodologias, nos fortalecermos e aos outros?Ou reproduzimos práticas já existentes?Tenho visto as dificuldades das ONGS em captarem recursos financeiros para os projetos, e quando se propõe investimento para avaliação e sistematização elas aumentam. Isso me faz pensar se as empresas acreditam de fato na construção de referencias que apóiem a transformação social já que temos informações de que a maioria dos projetos sociais é fragmentada e não gera impactos significativos na vida das pessoas.Participei da realização dos questionários que faziam parte dos instrumentos de avaliação do tratamento comunitário de Efrem Milanese, focalizados nos aspectos que os usuários de drogas manifestavam intenções de mudanças e naqueles que apresentavam maior risco, para a elaboração de estratégias de promoção dessa mudança e melhoria da qualidade de vida. Isso ocorreu durante meu trabalho no Caps AD Lua Nova, que com o fechamento, não acompanhei a sistematização das informações nem a condução dos processos individuais.Agora no Pode Crer, em parceria com a Lua Nova e UNISO, estamos tentando retomar este processo, com novos sujeitos, mas sinto grande resistência dos educadores na compreensão da importância da avaliação, o que acaba por comprometer a pesquisa.