sexta-feira, 31 de julho de 2009

Raquel responde:


No âmbito do projeto social, avaliar é uma arte pois além da dificuldade em entender quais variáveis são as que dependem ou não dependem da sua intervenção , o processo de avaliação e sempre mais lento que os processos de transformação social.
Neste sentido avaliar muitas vezes esta relacionado ao referencial do avaliador .
Estes dias estivemos questionando sobre o valor da avaliação participativa e sobre se seus resultados devam ser considerados , assim como as avaliações acadêmicas.
E a triste conclusão que se chega é que os mesmo0s que pregam que temos que atuar em âmbito comunitário e empoderar os vulneráveis , não acreditam que estes são capazes de avaliar. Como se o dom de avaliar fosse dado somente aos doutores , mestres, acadêmicos. Como se uma avaliação verdadeira tenha que ser aquela onde impera a estatística e todos aquelas funções maravilhosas que só um que sabe usar o Excel pode fazer.
Neste sentido, poder avaliar é ter poder , é saber operar mais que outros.
Confesso que me desiludi com meus colegas. Porque um par , um que passou por uma situação de vulnerabilidade não é capaz de avaliar desde seu ponto de vista , desde sua vivencia e de sua experiência.
Quais os parâmetros da avaliação. Quem pode nos dizer que os logaritmos e os qui 2 são mais verdadeiros que o relato de alguém que sabe e vive o que esta avaliando.
Creio que estamos que os processos de avaliação pelos quais passamos são vários e temos que valorizá-los. Fazemos auto avaliações na Lua Nova, no centro de formação, verificamos os impactos do trabalho que fazemos , perguntamos aos nossos parceiros o que pensam de nos.
Também fazemos follow up , que nos ajuda a entender no tempo o que fizemos.
No caso da sistematização já acredito ser um enorme instrumento de organização e consequentemente de avaliação .
NA medida em que criamos instrumentos de sistematização que permitem que tanto o acadêmico como o parceiro comunitário possa organizar seu fazer, seu pensamento , seu sentimento , estamos não so entendendo melhor sobre nossa pratica e nossos princípios , como estamos principalmente democratizando o processo de avaliação e dando poder aqueles que finalmente merecem recebe-lo.
Este é um sonho, tentamos praticar, mas estamos ainda distantes de fazer com que a avaliação seja um instrumento de construção e não de controle.

SEMANA VIII

INDICADORES, IMPACTOS E
RESULTADOS

Filmes para contribuir na reflexão!

http://www.youtube.com/watch?v=ML1Xq8cv0y4

http://www.youtube.com/watch?v=onQrYYFf2to&feature=related

PERGUNTA DA SEMANA

Você e sua equipe realizam algum tipo de avaliação de seus projetos? Quais indicadores utilizam? Quais são os principais impactos e resultados de suas práticas, o que é que os motiva na execução de seus projetos?

Doralice responde:

O processo de avaliação que ocorre na ONG onde atuo é, ainda, muito incipiente. Ocorre por meio de reuniões, análises, resgate do histórico, avaliação dos processos, quantitativo de atendimentos, entrevistas com os beneficiários acerca dos atendimentos. O que nos motiva é o resultado obtido com os relatos das pessoas que freqüentam o projeto pelo menos 8 quintas-feiras seguidas, pois nas quintas-feiras são realizadas as principais atividades do projeto que são abertas à comunidade como o resgate da auto-estima e a terapia comunitária. Os benefícios advindos dessa sequência de participação é significativo e vem sendo observado ao longo dos anos. Um aspecto que precisamos melhorar na nossa atuação é este aspecto da avaliação, pois é um fator que pode, inclusive, motivar a equipe.

Maria Clara responde:

Demorei para colocar a minha respos ta a esta questão e confesso que aprendí muito com as respostas de todos os colegas. Como já comentei anteriormente, sinto que estou em uma situação de trabalho bem diferente dos demais, uma vez que minha equipe de trabalho (tanto no CAPS, como no COMAD)em sua grande maioria não vivemncia (ou procura fazê-lo)esta mudança de abordagem e de objetivos finais que procuramos alcançar com a estratégia do Tratamento Comunitário.No CAPS a avaliação que a equipe realiza dos projetos é a discussão semanal de cada caso, de cada jovem atendido na tentativa de saber se conseguimos atingir os objetivos esperados para cada um. Os indicadores que utilizo são a entrevista pessoal, os relatos de mudança e alguns instrumentos de avaliação previamente elaborados. Os principais impactos e resultados que tenho observado são a melhoria da qualidade de vida, a conscientização da necessidade de mudança, e a diminuição consciente do consumo de drogas de um modo geral, e o que me motiva na execução dos projetos, é principalmente a confiança que aqueles jovens nos deposita e a crença de que poderão ter efetivamente uma vida melhor.

Jaciara responde:

Os indicadores servem como referência para que possa ser alcançados o objetivo de um projeto e/ou uma ação.Podem ser de resultados , efetividade.Geralmente tem como referente um percentual.

Patricia S responde:

Avaliar é sempre muito difícil. Acredito que um dos nós da avaliação é o equilíbrio entre a evidência dos aspectos quantitativos e qualitativos. Nossos relatórios, em geral, são contextualizados com números, estatísticas, mas como mensurar os sonhos, as felicidades o bem estar das pessoas atendidas? É possível quantificar empoderamento, auto-estima e subjetividades? Acredito que todo processo avaliativo requer abertura para reflexão dos acertos e dificuldades, sem isso é difícil avançar. Temos a tendência de mostrar e evidenciar o que fizemos de bom, mas é na análise dos nossos erros que crescemos e somos melhores. Sempre tendemos a achar que os resultados dependem apenas do externo, da resposta que recebemos, dificilmente admitimos que a nossa intervenção talvez não tenha contribuído com a qualidade da resposta, dos resultados.Em nosso contexto vivemos esse dilema, a dificuldade de estabelecer o equilíbrio necessário entre os aspectos qualitativos e quantitativos. Os/as educadores/as de forma geral apresentam muitas dificuldades de avaliar sua prática, avaliar os resultados da sua prática e da Instituição como um todo. É sempre importante estar conversando sobre avaliação desmistificando-a enquanto algo que vem expor fragilidade, mas como algo que vem abrir caminhos, direções a seguir, na busca do melhor. Avalio que precisamos crescer muito quanto à construção de indicadores e avaliação. Outro caminho é trocar experiências, ver boas práticas neste sentido. Nossas práticas são motivadas pelo desejo de promover a garantia dos direitos das crianças e adolescentes aqui da comunidade. Como desejo maior o que nos motiva é a construção de uma sociedade mais justa. Falando dessa forma parece algo muito distante, e é difícil mensurar como e quanto nossa prática vem contribuindo para esses dois objetivos. Na verdade, enquanto pessoa, o que motiva a luta é a realidade cruel das crianças e adolescentes atendidos. Falta tudo: condições dignas de moradia, escola de qualidade, assistência médica e odontológica, carinho, cuidados, lazer, orientação, ambientes sadios para diversão, escuta, limites, regras, amor, diálogo, motivação, perspectiva, entre outras tantas coisas necessárias ao desenvolvimento humano. Meu desejo era que todos tivessem uma vida mais digna.

Raquel responde:

De onde partimos, para onde vamos e quando e como chegamos .
Estas são as constantes perguntas que fazemos seja na Lua Nova que no Centro de Formação.
Não creio que apesar de já muitos de nos instrumentalizados e capazes de desenvolver indicadores e pistas para avaliar estamos fazendo segundo diz os manuais.
Isto não é e pode ser bom ao mesmo tempo.
Nós como muitos similares a nos temos a cultura de fazer, de criar, de produzir, mas não aquela de entender de onde saímos e para onde vamos e se chegamos realmente.
Não é bom, porque muitas vezes pode nos dar a sensação de que estamos rodando em circulo e que este circulo de virtuoso passa a vicioso, dependendo da pessoa, do direcionamento e da dificuldade que encontramos.
Por outro lado pode ser bom, por não paralisar, para não frustrar ou desanimar. E ai alguém diz, indicadores não são controladores de fracasso, mas sim visualizadores de sucessos e gargalos e facilitadores de processo.
Concordo plenamente, mas acredito que estamos amadurecendo cada vez mais na necessidade de realmente usá-los.
Antes disso devemos alinhar os nossos referenciais ou pelo menos os referenciais do que o grupo que esta atuando tem.
Vou dar dois exemplos que para mim são importantes.
Estive em Bangladesh há 2 anos mais ou menos e fui para conhecer o trabalho de Mohamed Yunus , que havia erradicado a pobreza do pais com seu microcrédito.
Cheguei la, e vi pobreza, sujeira, caos. Me perguntei e perguntei aos que estavam comigo. Que pobreza é essa que ele erradicou. È tudo uma grande mentira.
Mesmo assim fui visitar os vilarejos e os bancos . Ratos e baratas eram animais comuns naqueles lugares. Eu perguntei a um gerente do banco. Mas como é que vcs dizem que estão erradicando a pobreza, se tudo isso parece tão precário?
Ela me respondeu que para Yunus , no contexto de Bangladesh pobreza era a pessoa estar vulnerável a doenças e catástrofes. Assim ele elencou uma serie de itens que uma pessoa devera ter em sua vida para evitar empobrecer por estes dois motivos, e então os créditos feitos em primeiro lugar eram para evitar a morte por doenças e catástrofes. Assim, os créditos eram feitos em primeiro lugar para que as pessoas tivessem banheiro em casa, água potável, plantações, animais que dessem leite e ajudassem na sobrevivência, após estes sim é que uma pessoa poderia adquirir credito para montar sua lojinha ou alugar o celular.
Então analisando deste prisma todas aquelas famílias poderíamos dizer que sim estavam prontas para não morrerem , pois haviam conquistado com os créditos, seus banheiros, água etc.
Outro dia , aconteceu um escândalo na Lua Nova , o vizinho muito bravo com as crianças que jogavam pedras na sua casa , e fraldas, alem das meninas que cantavam musicas obscenas e não educativas. Este senhor, um bom senhor, com sua esposa foram os únicos que não assinaram a um abaixo assinado da vizinhança para retirar a Lua Nova de lá.
Conversando com ele , tentando entender como solucionar a questão ele me diz:
Raquel, já faz tempo que vcs não educam mais na Lua Nova , e tudo aquilo que aparece na televisão não é verdade, e sabe porque? Porque elas entram meninas e saem homens, e isso é um indicador de que seu trabalho não funciona.
Parei , pensei, não respondi. Naquele momento me imaginei como Yunus, sendo avaliada por um modelo internalizado na cabeça de cada um , e como eu nunca havia deixado claro ao vizinho e talvez para ninguém que educar para mim não é atuar sobre a preferência sexual e sim sobre a relação . Fiquei quieta e sai.

Karina responde:

Pessoalmente e profissionalmente trabalhando no Centro de Formação sinto muito interesse por encontrar e desenvolver instrumentos que facilitem a avaliação de nossas práticas, e nos de alguma dimensão do valor e do resultado que tem o que fazemos. E isto não simplesmente porque precisamos números para colocar nas justificativas de nossos projetos, se não para saber de verdade se estamos indo para lugar algum, se nossas percepções do que é certo fazer tem a ver com o interesse das pessoas com as quais trabalhamos e no final, se o que fazemos tem sentido.
Entendo que parte do meu trabalho é contribuir para que os projetos possam visualizar o seu valor e sua experiência, através da criação de materiais, de instrumentos mais criativos que contribuam com a reflexão, que facilitem a analises e promova discussões criticas e transformadoras e é esse umas das coisas que mais me motiva no trabalho quotidiano.
Penso que os principais impactos conseguidos até agora, tem a ver com o despertar a curiosidade, a vontade de fazer e a promoção da ação em diversos grupos com os quais trabalhamos. Temos contribuído para que grupos de educadores olharem mais ainda para seu entorno, acreditassem que é possível e que a transformação depende de nós e de nossas redes, que estão ali..próximas. Acho que estamos contribuindo para promover uma observação diferente e ações efetivas para um olhar comunitário e uma visão mais integral.

Sergio responde:

Sim. Realizamos reuniões entre a equipe para discutirmos os casos atendidos,outras vezes discute-se o caso somente com o profissional responsavel como uma supervisão,comparação de dados passados e atuais,informações colhidas com outras instituições e serviços de atendimento,acolhimento e orientação e outras vezes,informações colhidas na rua com outras pessoas envolvidas com o caso acompanhado. Acredito que os melhores resultados e impactos são quando pecebemos evoluçâo nos casos atendidos,quando as pessoas demonstram comprometimento com seus cuidados pessoais e desejo de sairem da situação de desconforto que se encontram,quando se valorizam e assumem a responsabilidade consigo e seus dependentes.isso também é oque motiva a execução de outros projetos

terça-feira, 28 de julho de 2009

Maysa responde:

O processo de avaliação dentro da organização está diretamente ligado ao processo de amadurecimento da mesma, o que significa estar num processo de consciência de si mesma e das escolhas que essa organização faz. A direção dos indicadores que construímos e da forma como os usamos para avaliação de nossas ações relaciona-se com aquilo que suportamos saber sobre nossos sim e não.Eu acredito muito na prática de construção de indicadores para avaliar resultado e impacto, mas existem algumas questões que me pegam no sentido de entender um contexto maior do que os números e valores expressos num processo como esses que são: - Quem está participando dessa construção de indicadores? - Essas pessoas querem avaliar? - Qual o papel desses participantes na organização? - O que nós queremos avaliar? Por quê? De maneira geral(pois os diferentes projetos apresentam suas peculiaridades na forma de medir resultado), dentro da Lua Nova os indicadores estão focados na efetividade e eficácia (conforme texto sugerido: Indicadores de resultados de projetos sociais, Leandro Lamas Valarelli). Particularmente eu sinto falta de um olhar para eficiência e impacto. A maior parte dos projetos não tem uma forma sistematizada de avaliação, tampouco usa indicadores objetivos. As decisões são tomadas a partir do qualitativo. Dessa forma, as crenças e representações sociais daquele que avalia tem um peso muito grande nas decisões e acredito que isso é um gerador de conflitos nas equipes. Os relatórios simplesmente não devem ser a chave para a decisão na organização, mas acredito que eles são uma ferramenta que nos ajuda a olhar para as situações concretas e separar nosso olhar/intuição e o físico/anímico num determinado local ou projeto. Todos os nossos projetos tem espaço pré-determinado para esses indicadores, mas acho que eles podem ser revistos por outros indivíduos e sobretudo avaliados em equipe de forma mais multidisciplinar. Assim, as questões colocadas acima poderão ser pouco a pouco solucionadas e sempre retomadas sem nenhuma pretensão de serem respondidas.

Rita responde:

Nossa equipe foi construída na base do amor, uma amizade forte que foi semeando bem-querer, confiança e força entre nós. Avaliamos nossos projetos de acordo com os objetivos, a atuação de cada um, os resultados obtidos.Na execução de nossos projetos nossa motivação maior é o que objetivamente deve ser feito, o que é melhor. Procuramos analisar de todos os lados. Somos bem diferentes uns dos outros em nossa equipe e isso favorece uma visão mais ampla. Semana passada tivemos algo para resolver e foi uma experiência muito forte para mim. Algo parecido com os et´s do youtube-motivação. Estávamos tentando fazer uma coisa ótima, mas houve resistência. Tentamos de todos os lados, dialogando, indo atrás mesmo para esclarecer, conversar e modificar a resistência. Mas ela persistiu. Nós preferimos resguardar a unidade e a paz, tivemos atitudes de humildade, de paciência. Os diálogos esclareceram muitas coisas e nos aproximaram dos resistentes. Deixamos de fazer o ótimo. Estamos fazendo o bom..... e isso está sendo ótimo! Não desistimos de nosso objetivo. Mas escutamos a realidade, o momento e com muita abertura acolhemos as limitações, realizando o que é possível. Os impactos e resultados são bons. Os resistentes estão mais flexíveis, mais próximos, mais amigos e já começaram a ceder.

Marta responde:

Realizamos avaliação nas reuniões semanais, e nossos indicadores são subjetivos.Para o trabalho de acolhimento na sede do Pode Crer: participação dos usuários nas oficinas, reduçao do abuso de drogas, procura de trabalho, inserção em cursos ou educação formal, moradia, interesse na formaçao como educador par.Para o trabalho de campo: freqüência do acompanhamento dos acessados pelos redutores de danos, numero de insumos distribuídos e de encaminhamentos realizados.Os principais impactos são a procura de novos usuários no Pode Crer,muitos atuando como multiplicadores,profissionais do sexo mais conscientes em relação ao uso de preservativo,diminuição dos danos de saúde e sociais causados pelo abuso de drogas e alguma inserção no mercado de trabalho formal,bem como aumento na autoconfiança através do desenvolvimento de potencialidades através das oficinas.Minha principal motivação é a descoberta de novas metodologias no trabalho com a população mais vulnerável, principalmente com os usuários de drogas, que podem mudar sua representação social, serem respeitados, passarem a exercer sua cidadania de forma plena, através de suas competências e não de suas deficiências.Sinto falta de construirmos uma forma de avaliaçao mais objetiva e eficaz,temos uma parceria com Uniso,num projeto de pesquisa,e a necessidade de dados talvez nos faça melhorar os indicadores e sistematizar a prática

SEMANA VII

TEMA DA SEMANA:

COOPERAÇÃO E REDES

PERGUNTA DA SEMANA

A articulação em redes faz parte do seu processo de trabalho? Por quê? Quais os mecanismos que utiliza para articulação de redes? Como você articula? Quais relações de cooperação estabelece? Que benefícios obtêm? Como trabalha a relação de poder dentro das redes? Cite exemplos concretos.

Ricardo e Patricia respondem:

No trabalho em comunidade a atuação em REDE é fundamental. Isso acontece muitas vezes até sem nos darmos conta prontamente desses processos. Na medida em que buscamos o fazer coletivo estamos conectando laços, ocupando e formando redes de atuação. Isso acontece porque quando fazemos juntos, fazemos mais, nosso poder de mobilização e impacto aumenta e os resultados são mais visíveis, porque juntos somos fortes. Como exemplo, citamos a realização da 1ª Feira Solidária da Comunidade ARATU realizada no último dia 25 de julho de 2009. Cada um contribuiu com o que foi possível, inclusive a comunidade, e juntos realizamos a Feira.

Um componente fundamental para a articulação em rede é o processo de comunicação. Vale buscar a melhor forma de comunicação possível segundo grupo de atores em que se está inserido e suas características, seja via e-mail, telefone, mensagem pelo celular, bilhetes, recados, visitas, entre outras estratégias que podem ser exploradas.
Em nosso caso, uma estratégia que vem dando certo é o repasse de mensagens para os celulares pela internet disponível no site da operadora. É importante também ter uma pessoa (ou mesmo que todos do grupo fiquem atentos para isso) que faça essa articulação. A comunicação direta (visitas) e recados também funcionam bastante. A comunicação via e-mail já não funcionaria tão bem, pois nem todos do grupo têm acesso diário à internet. Alguns nem são alfabetizados.

É preciso também cuidar dessa comunicação como uma parte fundamental do processo de atuação em REDE. Outra estratégia de articulação em REDE é a mobilização de pessoas que compõem o ciclo de convivência (amigos/as pessoais, amigos do trabalho, vizinhos e pessoas da família) de atores já envolvidos nos processos.

Outro aspecto, segundo leitura proposta para semana, é que o trabalho em rede é aquele no qual o operador se põe numa posição diagnóstica (cognoscitiva) e neste diálogo cognoscitivo com os recursos da comunidade ou da rede social, consegue promover conhecimento, criar soluções e processos de atuação. Isto significa que os processos de atuação têm que surgir da situação de diálogo entre operador e recursos da comunidade.

Para uma ação que nasce do diálogo e da escuta vale, na busca pela realização de objetivos, a união, a troca em prol do bem comum, do desenvolvimento coletivo. As relações de poder são horizontais é preciso saber valorizar cada opinião e contribuição mesmo as mais diversas possíveis. O objetivo maior é a busca de consensos.

Em nossa realidade (Equipe do Projeto CBT – Bayeux – PB) nossa luta é para valorizar outros atores locais como os líderes da comunidade. Construindo um coletivo que opine, decida e faça intervenções na comunidade em que estão inseridos. Que se sintam parte dessa realidade e busquem transformá-la para melhorar sua qualidade de vida e serem felizes.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Doralice responde:

A articulação em redes é tarefa primordial no meu trabalho. Atuo numa ONG em Fortaleza que disponibiliza serviços à comunidade, como a terapia comunitária, a massoterapia, técnicas de resgate da auto-estima, escolinha e grupo de teatro. Atualmente, um dos principais parceiros da ONG Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária é a prefeitura Municipal de Fortaleza. Dentre as ações estabelecidas nesta parceria destacam-se a construção pela prefeitura de um Posto de Saúde do PSF (Programa Saúde da Família) na área da ONG. A prefeitura assinou um convênio com a ONG para encaminhar pacientes do SUS para beneficiarem-se das atividades disponibilizadas, em especial das técnicas de resgate da auto-estima e da massoterapia, pois a terapia comunitária é gratuita. Por meio deste convênio o projeto adquire recursos para o pagamento dos massoterapeutas.
Outra ação em rede foi a parceria estabelecida entre o Ministério da Saúde e a Universidade Federal do Ceará para capacitação dos integrantes das equipes do PSF do país em Terapia Comunitária. A ONG sedia a secretaria deste convênio.
Algumas instituições, como o Ceart e SESC estão num processo de aproximação com a ONG para verificar formas de estabelecimento de parceria.
Na Europa foi criada a Associação dos amigos do projeto 4 varas que possibilita o intercâmbio entre as pessoas da comunidade que atuam no projeto e a Europa por meio de viagens, trocas de experiências.
E se tratando de uma ONG que atua no contexto comunitário as redes são fundamentais, tanto as redes institucionais citadas, como as redes subjetivas.
É uma ONG com um grande potencial para estabelecimento de novas redes que contribuam na sua atuação e sustentabilidade.

Karina responde:


A articulação em rede é nossa maior “bandeira” e o nosso maior desafio. As ações que estabelece o Centro de Formação só tem sentido e só acontecem se for através do estabelecimento de parcerias, sejam elas publicas, privadas, redes de pessoas, redes de instituições, etc.
Acreditamos que um trabalho real e efetivo somente pode ser desenvolvido se é com um outro, com as suas potencialidades e seus recursos. Mas sempre que existem relações, existem conflitos, e as relações de rede também geram conflitos, pois diversos grupos e diversos interesses estão em jogo. As redes, embora deveram ser horizontais, muitas vezes envolvem relações de poder que opaca os resultados e os impactos que uma rede poderia ter. Por isso é preciso trabalharmos intensamente nisso, descobrir as vantagens do trabalho conjunto, fazer uma intervenção integral que considere sempre as pessoas como os principais protagonistas e não esquecendo as redes subjetivas de cada um pois são elas as que dão sustem e as quais devemos fortalecer.
Uma forma de trabalhar a relação de poder e que tentamos promover e fazer é o de dar a cada qual o seu lugar. Todos os participantes da rede do Centro de Formação tem um lugar protagonico, os conhecimentos de todos são importantes, as bagagens e as duvidas, os questionamentos e as certezas são tão importantes quanto. Temos muito interesse em promover relações de troca e cooperação entre todos os membros da equipe assim como mantermos sempre abertos e oferecer espaços para as novas propostas que surgem.
Como expressa a Psicóloga Social Marisa Montero: “a rede não é só um objeto que tem acompanhado à humanidade no mar e na terra, se não também uma forma de organização social na qual se produze o intercambio continuo de idéias, serviços, objetos, modos de fazer. A rede é sobre tudo, uma estrutura social que permite difundir e deter, atuar e paralisar, na qual as pessoas e a sociedade encontram apoio e refugio além de recursos”

Maria Clara responde:

Vou tentar dividir a minha resposta em duas, já que me apresentei como representante de duas frentes diferentes de trabalho - o COMAD (Conselho Municipal sobre Drogas)e o CAPSad. No CAPSad – por ser um local especificamente para tratamento de pessoas com problemas relacionados ao uso indevido de drogas, o CAPSad faz parte de uma rede de atenção ao usuário. O CAPSad recebe os usuários que necessitam e solicitam tratamento especializado por procura expontânea e também encaminhados de todos os outros serviços de atenção, em qualquer nível, seja das Unidades Básicas de Saúde, da liberdade assistida, semi-liberdade, NAIS, egresso de hospitais, ONGs, rede de ensino, Conselhos, etc.. Além do atendimento pelos profissionais que trabalham no serviço, os usuérios são encaminhados para todos os locais que possam ajudá-lo na recuperação da sua qualidade de vida, como cursos, atividades esportivas, oficinas de geração de renda, etc. No COMAD - A articulação em redes é a base da atuação do Conselho uma vez que uma de suas funções é fazer um levantamento de todos os serviços, instituições, ONGs, e ações de um modo geral que atuam direta ou indiretamente na prevenção em todos os níveis do uso indevido de qualquer tipo de substância psicoativa. Este levantamento começou a ser feito há 3 anos onde relacionamos tudo o "que temos", tudo o "que precisamos" e a partir daí estamos trabalhando em colocar em ação e batalhar pelo que ainda falta assim como articular tudo o que foi levantado entre si. O Conselho reune-se quinzenalmente e também coordenamos um Fórum Permanente de Prevenção que é responsável não só pela articulação e fortalecimento dos serviços como pela capacitação das equipes. Não existe relação de poder dentro de uma rede - uma vez que rede não tem "chefe" (senão não seria uma rede!), mas disponibilizamos este espaço do Fórum Municipal como centralizador de idéias e divulgação das ações.

Raquel responde:

Todas as açoes de Lua Nova são colaborativas, entre ongs, com as comunidades, com o poder publico e privado. A principal paceria e aquela que estabelecemos com as jovens maes e os jovens da comunidade. Para mim , uma boa "idéia" é aquela que permite que outras "idéias" se insiram reforçando cada vez mais a nossa identidade. Evita o estrelismo possibilita a troca e a construção de um fazer verdadeiramente compartilhado e construtivo. Oferece uma constante revisão no nosso agir assim como recursos dificeis de serem adquiridos atraves do economico. A parceria e o trabalho em rede é uma ferramenta de futuro pois as politicas publicas só conseguiram se estruturar através de “encontros verdadeiros”O processo de construção metodológica seja da Lua Nova que do Centro de Formação éou pretende ser sempre desenvolvido em conjunto, oque facilita muito a autonomia de cada profissional e dos jovens. Assim, nosso grupo é a nossa maior rede e a vivenciamos esta colaboração diariamente, oferencendo nossos talentos e recebendo o talento dos inúmeros parceiros que hoje fazem Lua Nova acontecer. E impossível viver Lua Nova e o Centro de Formação sem compartilhar. Todo nossos princípios estão pautados na autonomia, reconhecimento dos nossos potenciais e de outros ( pessoas ou instituições) e otimização destes através de trocas. Qualquer pessoa ou instituição podem ser potenciais parceiros, porém devemos respeitar as necessidades, as molduras e os caminhos que estamos usando naquele momento. Temos um objetivo e uma missão clara que é a da inserção social efetiva e nossos parceiros são identificados a partir destas premissas. Identificamos a competência do outro, verificamos a flexibilidade na atuação conjunta e buscamos deixar claras as funções e expectativas de ambas as partes. Respeitamos o tempo e os valores estabelecendo vivências iniciais que vão nos mostrar quais são nossos vícios e qualidades assim como do outro e se nos sentimos verdadeiramente trocando, parcerizamos .Cada parceiro e cada momento são unicos e necessitam de fidelizações diversas. Com alguns estruturamos um contrato de parceria com funçoes e tempos estabelecidos, outros criamos produtos finais em comum, outros mantemos contatos constantes, outros relatamos nossos sucessos e dificuldades, alguns basta a troca e a convivência, outros prestamos conta de nossas ações, mantemos porém um instrumental interno que relata sobre a parceria. Acreditamos porém que estar junto das mais variadas formas assim como a honestidade e a transparência entre os parceiros é a maior garantia de fidelidade.OS apectos que facilitam o estabelecimento de redes e colaboração na nossa experiencia são: A politica de estabelecimento de parceria com a propria população alvo que passa a ser uma condiçao para a atuação ao das ações da Lua Nova e do Centro; A impossibilidade de realizar a missão de maneira efetiva trabalhando isoladamente; A desproprorção entre a capacidade humana e econômica da Lua Nova e do Centro e os resultados que pretende atingir nos obriga a buscar outras competências. As dificuldades quee ncontramos são: A dimensão tempo: muitas vezes existe um descompasso entre a expectativa na relaçâo e a real possibilidade de efetivação da mesmo gerando frustração; o medo de perder espaços; dificuldades de entendimentos com relação a funções e responsabilidades.Pretendemos consolidar as ações da Lua Nova e do Centr ampliando-as em escala, para isto será necessario unirmo-nos a outras ONgs que trabalham com situações de vulnerabilidade , acoes de geracao de renda e sutentabilidade local. Junto ao poder publico pretendemos oficializar o nosso modelo como politica publica, unindo-nos a ele para o desenho de ações conjuntas para jovens vulneráveis. A união e a troca com entidades e redes latinoamericanas e internacionais fazem parte desta proposta pois ampliam o alcance e viabilizam troca de processos formativos e operativos importantes para a efetiva disseminação de Lua Nova em ambito internacional. Todos estes atores serão convidados a construir ações e reflexões em conjunto com Lua NOva e seus atuais parceiros.

Rita responde:

Trabalhar em redes não é uma opção... em nossa sociedade atual é a única opção. Lamento que muitos grupos ainda se fecham achando que vão conseguir fazer um bom trabalho no isolamento. Por quê? Porque há muita coisa para se atingir e ninguém tem todos os recursos. Em rede fica leve para todos, pois cada um faz somente aquilo que já é de praxe, que já tem experiência. Cada pessoa ou grupo precisam ser atendidos em vários níveis. O trabalho em rede faz a gente se sentir mais forte, mais seguro. É algo que amplia nossos projetos. Utilizamos os mecanismos de visitas, expondo a beleza do trabalho em redes e as pessoas e instituições vão aderindo e se colocando a disposição. Há cooperação de espaços físicos, de doações de materiais, de colaboração dentro da área específica. Trabalhamos o poder no sentido de estar a serviço da comunidade e beneficiar especialmente os mais frágeis e vulneráveis. A gente também se coloca a disposição. Por exemplo: Fizemos parceria com três instituições, duas governamentais e uma filantrópica que recebe subvenção do governo. Eles oferecem apoio, espaços, recursos humanos e profissionais e a comunidade se coloca a disposição no caso de pesquisa, de visita às casas, de divulgação. Algumas pessoas da comunidade estão fazendo trabalho voluntários nestas instituições e assim o elo vai crescendo e os benefícios vão acontecendo, sobretudo na auto-estima das pessoas que vão começando a frequentar novos lugares, conhecendo novas pessoas. Outro exemplo de trabalho em rede é a parceria que estamos aprofundando sempre mais com a Comunidade religiosa. É um lugar que as pessoas frequentam, então quando queremos conversar com a comunidade, aproveitamos os encontros religiosos. Aí podemos divulgar, perguntar, consultar, informar, etc.

Sergio responde:

Considerando que o trabalho social muda e se transforma em trabalho de rede,como escreve Efrem Milanese no texto sugerido,quando o operador se coloca numa posiçao de realizar o diagnóstico,conseguindo promover conhecimento,criar soluçoes e processos de atuaçao,acredito que trabalhando articulando redes na ONG Pode Crer,em várias açoes.Quando fazemos reduçao de danos nas ruas por exemplo,atuamos em varias frentes como centros de saude,escolas,bares,festas,boates,etc.Nossa atuaçao se dá através de diálogo com as pessoas e sua rede de relaçoes,procurando sensibilizar,dando chances de esclarecerem suas duvidas,expressarem suas opinioes,elucidarem suas competencias,numa busca de mudança de atitude quanto aos comportamentos que podem gerar danos e consequente melhoria na qualidade de vida.Essas açoes acabam por formar educadores pares,que podem diagnosticar outros problemas,fazerem novas articulaçoes, buscando soluçoes dentro do proprio grupo.Os benefícios sao inúmeros,mas poderia citar o fato de que empoderados do problema e suas soluçoes,as mudanças passam a fazer mais sentido e serem mais otimizadas.Quanto ao poder,no fundo todos o desejam,seja o traficante,o coordenador do projeto,enfim..A mediaçao,o diálogo,os benefícios que sao gerados ajudam a lidar com esses conflito,o que nem sempre se resolve rapidamente.Vivi uma experiencia interessante anos atras,quando em trabalho de campo no Habiteto,em Sorocaba,os moradores pediram que eu saisse do bairro,pois a polícia estava invadindo,e eu poderia me colocar em risco profissional ou mesmo de vida.

Marta responde:

A articulação em redes faz parte do meu trabalho, tanto na Ong Pode Crer como na Prefeitura de Votorantim.Acredito no poder de cooperação como atitude que enfatiza pontos comuns em um grupo para gerar solidariedade e parceria.Procuro articular promovendo a formaçao de redes sociais entre pessoas, entidades, comunidades, organizações governamentais e organizações da sociedade civil, no sentido de potencializar os recursos disponíveis à população, através de acolhimento, cooperação, disponibilidade, respeito às diferenças, tolerância e generosidade. Acredito que a vivencia comunitária é um veículo para a ampliação da visão de mundo, a geração de conhecimentos, o exercício da cidadania e a transformação social.Tenho começado a articulação em Votorantim pelas entidades como: secretarias da saúde(CAPS, ambulatório de saúde mental, P.A),cultura, esportes e cidadania; partindo então para os recursos existentes nas comunidades como escolas, clubes, centros esportivos, centros de saúde, núcleos de jovens, creas,etc. Por fim esses espaços servem para que as pessoas se encontrem podendo retomar o sentimento de potência, de pró-atividade, de autoria, de capacidade de influir, de fazer diferente.O exemplo disso é o desafio que bairro Vila NovA Votorantim participará através do centro de formaçao.No Pode Crer a articulação se dá através do trabalho em campo, de reduçao de danos e dentro do espaço de acolhimento, onde as pessoas realizam trocas, propõe atividades, encaminhamentos, e transformam-se em agentes multiplicadores em suas comunidades.Os benefícios são muitos, já que com a rede se ampliam as possibilidades de pertencimento dos indivíduos, que passam a fazer parte do caminho, como participantes reflexivos e não como o objetos sociais de uma ‘massa humana’.A relação de poder pode ser observada entre os profissionais e a comunidade, visto que ainda existe a crença de que a formaçao técnica implica em mais conhecimento e melhores condições de ajuda. Vejo que mostrar para essas pessoas, e para os líderes comunitários que a própria comunidade pode resolver e sanar os problemas identificados é a parte mais difícil. Tento dar conta através de reuniões e muito diálogo, mas sinto que o ideal está muito longe ainda.Como exemplo de rede, recentemente soubemos por uma paciente do consultório de meu sócio, que seu irmão, conhecido pela Ong, um usuário de drogas, encontrava-se morando nas ruas, com suspeita de tuberculose. Através do Ambulatório de DST/AIDS de Votorantim, localizamos o jovem, encaminhamos para atendimento médico e para André Luis, entidade que funciona como abrigo, em Sorocaba, para que fizesse seu tratamento. Contatamos seus parceiros moradores de rua e sugerimos ao líder que pensassem numa forma de que todos realizassem o exame de tuberculose, HIV, e tomassem a vacina de hepatite. Foram orientados quanto ao uso seguro de drogas, e hoje participam de um grupo organizado por eles para conscientizar as pessoas que estão em situação de rua sobre a reduçao de danos e cidadania. Estão tomando conta de carros e alguns buscando outras formas de sustento.Não percebi nessa situaçao conflitos de poder,já que esse grupo possui um líder,eu ja conhecia alguem do grupo,e a equipe tanto do dst qto do andre luis e ong foram solidários e acolhedores.

sábado, 18 de julho de 2009

Mariana responde:

A articulação em rede faz parte fundamentalmente de nosso processo de trabalho, porque acredito que uma rede tem o poder de reunir organizações e pessoas que possuem objetivos comuns, mantendo, no entanto, a independência e a individualidade de cada um. Sendo assim, a formação de uma rede permite a realização de ações conjuntas, facilitando a solução de problemas comuns e viabilizando novas oportunidades. Acredito que o beneficio que temos articulando-nos em rede é o movimento de integração que acontece pouco a pouco, que podem ser ativados para a gestão de casos, ajuda em encaminhamentos, situações políticas, parcerias em eventos e etc.

SEMANA VI

TEMA DA SEMANA

PRAZER

PERGUNTA DA SEMANA

Por que o tema PRAZER proposto para refletir esta semana, é importante para a atuação em situações de vulnerabilidade?
Como podemos relacionar o prazer com os temas nos módulos anteriores?

Karina responde:

Prazer. Que tem a ver prazer com drogas? Onde está a relação? Ela existe? Por que as pessoas usam drogas? O que elas oferecem? O que tem de bom nisso? Essas são algumas das diversas perguntas que tenho me feito no decorrer do tempo.
Tenho refletido que as pessoas pensamos pouco no prazer, e quando pensamos, o condenamos. Sentimo-nos culpados por desejar, sejam estes bens de consumo ou de outro tipo. Vivemos recebendo propagandas de yogurt light que embora sem açúcar, produzem prazer ao comé-lo, peito de peru super light que não tem sabor de nada, mas que a publicidade não dá a certeza de que comé-lo nos produzirá prazer e poderemos ser magras. Relações de mais conseguimos estabelecer com o “dar prazer”.
Presentear-nos com um chocolate por alguma coisa boa que aconteceu ou acalmar a angustia com o doce preferido. Tudo tem a ver com gerar sensações, como permitirmos fazer o que gostamos. E o que é que a gente gosta? Refletindo fomos descobrindo que as formações e os processos tem sentido só se começamos a descobrir do que é que as pessoas com as quais trabalhamos gostam. O que as faz feliz? O que as faz sentir importante, únicas e valiosas? Porque todos somos importantes, únicos e valiosos. E assim começamos a trabalhar com vista na descoberta de potenciais, habilidades, e capacidades, num processo continuo, difícil, não simples, mas muito gratificante que é o de olhar para a metade do copo cheio. Isso pretendemos transmitir nos processos de formação e isso queremos que seja o principal combinado com todos os nossos parceiros.

Maria Clara responde:

Para se entender cientificamente o Prazer, é interessante conhecer um pouco de como funciona o Circuito de Recompensa Cerebral. De início pode parecer um pouco complexo, mas coloco não só como resposta, mas como contribuição. O Sistema Nervoso pode ser dividido, para estudo, de diversas maneiras, uma delas, a anatômica, onde evidencia-se o Sistema Límbico como responsável pela regulação do sistema emocional. Dentro do Sistema Límbico identifica-se uma área denominada de circuito de recompensa cerebral, que está relacionada ao prazer (sexual e das drogas). Os neurônios que participam deste circuito são dopaminérgicos, porisso as drogas de abuso, de alguma forma aumentam a quantidade de dopamina.
O vídeo em http://www.virtual.epm.br/material/depquim/4flash.htm mostra como funciona este circuito. Segundo Freud, o princípio de prazer é o desejo de gratificação imediata. Tal desejo conduz o indivíduo a buscar o prazer e evitar a dor. Após o nascimento da criança, a tendência para alcançar o prazer é imediato, esta tendência não pode se adiada, e tem que ser naquele instante. Somente com o passar do tempo, na medida em que a criança vai se tornando mais velha, é que se vai adquirindo a capacidade, de modo gradativo, de ir adiando a realização do prazer, de suportar um pouco mais o retardo dessa realização e da abstenção do desprazer. Faz parte do amadurecimento normal do indivíduo aprender a suportar a dor e adiar a gratificação. Ao fazer isso o indivíduo passa a reger-se menos pelo princípio de prazer e mais pelo princípio de realidade.
O Princípio do Prazer (Geraldo Azevedo)
Juntos vamos esquecer,
Tudo que doeu em nós
Nada vale tanto pra rever
O tempo que ficamos sós
Faz a tua luz brilhar
Pra iluminar a nossa paz
O meu coração me diz
Fundamental é ser feliz
Juntos vamos acordar o amor
Carícias, canções, deixa entrar o sol da manhã
A cor do som, eu com você sou muito mais
O princípio do prazer
Sonho que o tempo não desfaz
O meu coração me diz
Fundamental é ser feliz
http://www.youtube.com/watch?v=k_N5L2cP34w

Patricia S responde:

Primeiro dizer que gostei muito da leitura sugerida para este tema, li o material com muito prazer. Começo a reflexão da semana dizendo (o que já é do conhecimento de todos/as) que a dinâmica social que vivenciamos nos dias atuais é complicada. É tudo acontecendo ao mesmo tempo agora. Como dizia o poeta, mais do que nunca: “O TEMPO NÃO PÁRA” e nós também não. Esquecemos os prazeres do cotidiano, das coisas simples, do contemplar uma bela paisagem, de escutar uma boa música, de aproveitar os momentos em que estamos com nossos/as amigos/as, familiares ou pessoas queridas. Tudo é muito efêmero e passageiro. Acabamos cumprindo nossas agendas diárias (sempre muito densas) sem tempo de sentir prazer ou pensar mais profundamente no que fazemos. Fazemos muitas coisas legais, mas não temos tempo de contemplar, aprofundar, socializar com nossos pares o que estamos fazendo, o que estamos pensando. Tudo isso para dizer que o prazer é o tempero da vida, seja em nossos relacionamentos afetivos ou profissionais. A satisfação com o que fazemos gera prazer e irradia um clima agradável em nossas relações. Segundo Fortete a busca de prazer é inata ao ser humano, e coisas estão ocorrendo nas sociedades ocidentais modernas que impedem que esse prazer seja satisfeito. A autora chama ainda atenção para necessidade de gerar a cultura do cuidado, do prazer satisfeito, da vida vivida, das eleições escolhidas, e as decisões decididas, livre, consciente e se possível, espontaneamente, em prol de uma sociedade integradora, e não unicamente inclusiva. Gostaria de uma explicação melhor quanto a essa proposta de uma sociedade integradora e não unicamente inclusiva. Hoje se usa tanto essa palavra (inclusão), talvez esse termo insinue que o outro precisa ser incluído em um modelo que alguém julga ser o ideal, o padrão, mas que não necessariamente supre as necessidades coletivas. Seria isso? Quando falo em integrar entendo que estaríamos unindo crenças, ideais, prazeres que se complementam, sem a pretensão de dizer o que seria melhor para outro. Acredito que o tema está intimamente relacionado com as outras temáticas e que poderia ter sido um dos primeiros temas propostos nesta formação. Finalizo socializando um fato que muito me sensibilizou sábado passado quando participava da 1ª Feira Solidária realizada na comunidade ARATU (área de ocupação aqui do bairro que abriga quase 90 famílias) nosso foco na proposta do Tratamento Comunitário aqui em Bayeux. Eu estava responsável pela banca onde estavam expostas as roupas e chegou uma criança dizendo que queria escolher uma camisa (presente) para seu irmão. Ajudei na escolha dando algumas opiniões e quando enfim conseguimos encontrar a peça, a satisfação da criança foi tanta que me sensibilizei com a cena. Penso que nosso povo vive privado de muitos prazeres, isso, em muitos casos, explica quanta violência temos em nossa sociedade. Vivemos em função de suprir nossos prazeres, é a lei da sobrevivência. Paulo Freire já dizia nos alertava para isso: “Jamais seremos livres sozinhos; só seremos livres juntos.”

Ricardo responde:

As pessoas no seu dia-a-dia buscam o prazer, por ser uma necessidade biológica muito forte a ponto de se transgredir leis e limites, pondo em risco sua saúde e sua vida. Exemplo: quem gosta de esportes radicais, busca o prazer mas está pondo em risco sua própria vida. O prazer é momentâneo, efêmero, vivemos frações de prazer, poucos instantes. Apesar disso todos nós buscamos prazer, quer seja nas atividades diárias, na vida afetiva ou profissionalmente. O prazer é diverso nas formas de buscar e sentir, mas as pessoas que fazem uso de drogas lícitas e ilícitas acabam se condicionando a uma única forma de buscar e sentir prazer. No trabalho com as pessoas que fazem uso de drogas, é fundamental compreender a essência do prazer, que sentimentos essas substâncias provocam nas pessoas. Desta forma, será possível entender uma das razões, e talvez a mais forte de todas, pois se a droga não proporcionasse tal sentimento (prazer) não seria tão atrativa. É nosso papel, proporcionar a comunidade formas de prazer, seja oferecendo algum serviço ou atividade, seja favorecendo momentos de diálogo, conversa, respeito, valorização dos saberes e habilidades individuais; estaremos assim oferecendo a comunidade outras formas, dentre tantas, de sentir prazer.

Mariana N responde:

A partir da visão sistêmica que o Tratamento Comunitário nos traz, ou seja, de um modo de ver o ser humano em sua totalidade, sujeito-família-comunidade-sociedade, podemos compreender que o tema “prazer” é de fundamental importância no trabalho com pessoas, principalmente, as que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Isto porque, em nossa sociedade capitalista, e do espetáculo, como citada em resposta anterior, a ordem é sentir prazer e ser feliz. E, para o capitalismo, o que mais promove o prazer e a felicidade? O consumo.
Os adolescentes e jovens, por exemplo, “precisam” de um tênis e uma calça de marca para serem felizes, e, este, é apenas um dos motivos que acaba levando muitos adolescentes a cometerem atos infracionais para alcançarem este prazer que é vendido a eles pela televisão, mas que o Estado, em sua desigual distribuição de renda, não lhes proporcionou condições de acesso. Neste caso há um agravante; temos a tendência a achar (representações sociais construídas) que esses adolescentes e jovens precisam de coisas “básicas” para sobreviver. Mas, desde quando um tênis de marca não é básico? Por que o é para o jovem rico e não para o jovem pobre?
E, quando falamos sobre o tema do uso de substâncias psicoativas, por que temos a tendência à relacioná-lo a coisas ruins e não ao prazer? O próprio nome que designamos à estas substâncias, “drogas”, nos dá uma idéia de algo ruim. Precisamos refletir, porém, sobre o prazer que elas trazem para quem se utiliza delas. Afinal, será que se fosse ruim assim, alguém usaria?
Precisamos pensar e falar mais e mais sobre “drogas” e redução de danos. Se começarmos a pensar seriamente nesses assuntos e tomarmos decisões informadas e conscientes, talvez possamos diminuir e muito, os danos, as mortes, os gastos e, principalmente, os sofrimentos provocados pelo uso e comércio de drogas.
Conhecer as redes de relações dos usuários e das comunidades, o que lhes causa prazer e dor, é de fundamental importância para o trabalho no Tratamento Comunitário. Traçar e implementar estratégias para reduzir os danos e melhorar a qualidade de vida das pessoas e das comunidades, acredito ser o nosso maior desafio.

Maysa responde:

"A realidade é meramente uma ilusão apesar de ser uma ilusão muito persistente".Albert Einstein - 1879-1955 - Prêmio Nobel de Física em 1921

Acredito que o nosso modo de olhar para o mundo (nossas representações sociais) significa o que nós desejamos para nós mesmos e o lugar onde queremos nos inserir e esse nosso desejo está fortemente ligado ao prazer.Segundo a física quântica, muitas realidades estão acontecendo simultaneamente, mas nós estamos canalizando nossas energias somente para uma única possibilidade, que é essa que nós vemos e que podemos experimentar.São nossas dependências emocionais (medos, crenças, os valores que construímos) que nos impedem de enxergar essas outras infinitas possibilidades que existem. O nosso corpo responde as reações bioquímicas que estão relacionadas com medo, dor, alegria, tristeza, euforia e outras sensações que já tem seu “caminho trilhado”dentro do nosso cérebro. Por isso estamos sempre repetindo alguns padrões que nós mesmos concebemos.O problema reside em entender que nós podemos alcançar prazeres trilhando novos caminhos, nos aventurando por novas veredas, ou seja, perceber que outras combinações de atitudes podem causar medo, dor, alegria, tristeza e euforia. E para muito alem disso, reconhecer que temos o poder para mudar esses caminhos e associar o prazer a outras atividades que com toda certeza está na descoberta de novas habilidades e na inovação de atitudes, escolhendo finalmente essas novas realidades.

Jaqueline responde:

A busca constante por estímulos prazerosos, como alimentos saborosos, uma cerveja geladinha e a relação sexual excitante, está associada a um "sistema cerebral de recompensa", assim denominado pelo neurobiólogo americano James Olds nos anos 60. Trata-se de uma complexa rede de neurônios que é ativada quando fazemos atividades que causam prazer. Este sistema nos fornece uma recompensa sempre que fazemos determinadas atividades, levando-nos, portanto, a repetir aqueles atos. Biologicamente, ele tem uma função específica e essencial: garantir a sobrevivência do indivíduo e da espécie, ao dar motivação para comportamentos como comer, beber e reproduzir-se. Infelizmente, não somente as funções fisiológicas normais estimulam este sistema, mas também o fazem o álcool e outras drogas de abuso, e às vezes gerando um prazer muito mais intenso do que as funções naturais. "quando uma pessoa usa uma droga psicoativa e o efeito por ela produzido é de alguma forma agradável, este efeito adquire o caráter de uma recompensa". De fato, estudos experimentais comprovam que todos os comportamentos que são reforçados por uma recompensa tendem a ser repetidos e aprendidos. Estudos mais recentes demonstraram que o sistema de recompensa é subjacente a drogas como morfina, heroína, cocaína, álcool e até mesmo a nicotina do cigarro. Embora possa provocar inicialmente euforia e bem-estar, dando aos adictos uma falsa idéia de efeito benéfico, a influência das drogas sobre o sistema de recompensa, ao tornar-se crônica pela repetição do uso, acaba conduzindo a um poderoso e inescapável ciclo de adição, muitas vezes danificando o cérebro e outros órgãos. Se pensarmos bem, este fato biológico está por trás de uma infinidade de dramas pessoais e sociais e uma modificação talvez irreversível das sociedades, que sofrem pesadamente com o domínio ilícito das atividades de exploração econômica da drogadição. Por isso, é tão urgente a compreensão dos mecanismos cerebrais da drogadição pela neurociência. Por que ela ocorre? Como bloquea-la? O objetivo dos experimentos nos quais alguns cientistas estão engajados é descobrir a natureza química dos sistemas mediadores da recompensa, são apresentados os mecanismos cerebrais deste sistema intrigante, as causas e conseqüências de sua deficiência e uma breve explanação de escassas tentativas terapêuticas para o fenômeno da adição. Um dado curioso que emerge das diversas pesquisas nesse campo é que a ação de quantidades minúscula da droga que chegam ao cérebro altera de forma poderosa o comportamento, ao mexerem com os mecanismos normais da neurotransmissão. Uma descoberta fundamental, na década dos 60s, posteriormente confirmada para muitas outras drogas, é que nosso cérebro tem neurotransmissores com estrutura química semelhante às drogas de adição (como as endorfinas, literalmente, morfinas endógenas!) e receptores químicos nas membranas que reagem especificamente às drogas circulantes. Portanto, o segredo da compreensão do controle das funções cerebrais na drogadição está principalmente em entender os nossos processos químicos de informação. Se pudermos entender como estes sistemas interagem para produzir estes comportamentos, e se soubermos o suficiente sobre a neuroquímica, poderemos eventualmente intervir e bloquear ou corrigir as alterações. Mas isso não é tudo. Precisamos também entender melhor os mecanismos psicológicos individuais e sociais que estão por trás do fenômeno da drogadição. Afinal, todos nós temos esses sistemas cerebrais, neurotransmissores e receptores, mas apenas alguns de nós sucumbimos ao abuso de drogas. Estas são questões-chave para o Milênio que se aproxima.Textos de Silvia Helena CArdoso, Renato Marcos E. Sabatini

Jaciara responde:

O prazer é fundamental em nossas vidas.Quando atuamos com a prática das relações prazeirozas temos como produto final relações sadias, ausência de dor, conforto emocional e estrutural, servimos de referência e credibilidade para multiplicação e ações e composição de educadores pares e multiplicadores de informações, pois estamos atuando com energia positiva e credibilidade.o prazer preencher a nossa vida e nos remete a situações agradáveis e ausência de conflitos.propociona o fortalecimento dos vínculos afetivos, e o equilibrio mente, corpo e espírito.Amadurecemos com auto estima e o envelhecimentoé retardado.

Doralice responde

Acredito que se tem um lugar onde a gente se encontra é na busca do prazer. Nessa busca de sentir algo bom, que dá um colorido especial à vida num momento. É o tipo da busca que diz dos caminhos já percorridos, das experiências da vida, e do quanto conhecemos de nós mesmo.Onde busco prazer? Como? Me permito sentir prazer? Ou boicoto minha busca? Consigo desfrutar realmente de um momento de prazer ou a mente está tão ansiosa e irrequieta que todo ponto de chegada é um ponto de partida? Gosto de pensar nesse lugar de encontro quando o assunto é o uso de drogas, como inspira-me o texto da Karina. O uso de drogas como uma busca de prazer aproxima todos nessa mesma busca, cada qual à sua maneira. É muito importante buscar refletir, conhecer, como as pessoas em situação de vulnerabilidade social vivenciam o prazer. Onde está o lugar do prazer em suas vidas? O prazer desfrutado é um prazer que amplia a situação de vulnerabilidade ou possibilita um caminho para a transformação?

Mariana responde:

Acredito que fatores históricos, políticos e econômicos na produção e consumo das drogas, somados às características locais de cada país, nos permitem contextualizar seu uso abusivo entre os jovens de todas as classes sociais. A fuga dos problemas e da falta de perspectivas; a busca de vertigem e de prazer intenso; o apelo de aventura e de novas e fortes sensações – marcas de nossos tempos – são experiências facilmente encontradas no uso das drogas. Para jovens vindos de comunidades vulneráveis, onde proliferam as organizações do crime ligadas ao narcotráfico, a iniciação ao mundo das drogas pode propiciar sentimento de proteção e de pertencimento, tanto quanto de força, poder e prazer. De jovens excluídos, eles vislumbram a possibilidade de adquirir um passaporte para a aceitação social, ou seja, ter acesso a determinados direitos e bens de consumo. O crime vem exercendo forte atração no meio dos jovens carentes, pois significa maneira fácil e rápida de se ganhar dinheiro, em contraposição à pobreza que impera ali, entre seus pais, onde tudo só se consegue às custas de muito trabalho e de sacrifícios, sem gratificações, sem prazer. Almeja-se dinheiro, prestígio, poder e prazer e prevalecem os valores de um ethos da virilidade do qual nos fala Zaluar (1992, 1997). Garantia de lugar – ou de aceitação social – no interior de uma sociedade que os ignora. Aceitação social às custas da violência e da morte prematura, pouco importa.Nosso trabalho é então produzir transformações mais efetivas nas condições geradoras de vulnerabilidade nesses indivíduos.Desta forma, a palavra chave torna-se prevenção; ou seja, oferecer condições e opções que permitam ao jovem construir sua auto estima mais elevada e conseqüentemente sentir-se respeitado, parte ativa da comunidade (possuidora de direitos e deveres) que atuarão como base capazes de receber a estrutura que sustenta menores chances de vulnerabilidade.A prevenção é capaz de estimular condições individuais como: habilidades sociais, cooperação, vínculos positivos com as pessoas, autonomia e auto estima desenvolvida diminuindo assim, fatores de riscos individuais como: a insegurança, a insatisfação com a vida e sintomas depressivos, dando ao jovem a possibilidade de experienciar prazer na descoberta de suas habilidades, no cooperar, na formação de vínculos positivos e etc.

Raquel responde:

Em uma visão bem simplista o prazer vem a ser a proteção e ao mesmo tempo a motivação de todas as situações de vulnerabilidade.
A vida é movida de prazeres porem nós temos dificuldade em reconhecer e conceder a oportunidade de prazer a nos mesmos e conseqüentemente as pessoas com quem convivemos.
A Palavra prazer esta ligada no senso comum (e não) a sexualidade, e instintivamente a moralidade, a culpa, ao medo, a conflitos etc.
A necessidade de sentir prazer para a sobrevivência nos move a caminhar, a continuar vivendo, a buscar novas e novas descobertas.
Muitas vezes não temos referencia de comportamentos prazerosos, não aprendemos isso, não somos estimulados a sentir prazer. Assim, como o prazer e o elemento fundamental nas nossas vidas acabaram buscando em situações que nos remetem a risco, como drogas, comportamentos de prazer sexual confusos, compulsões alimentares, compras etc.
A cultura do prazer é ambígua neste sentido, pois ao mesmo tempo em que necessitamos dele estamos constantemente sentindo que pecamos por ele. E é deste ciclo e neste ciclo que o tratamento comunitário, junto com seus conceitos de representação social, das minorias, das defesas e conflitos, quer atuar.
Nossa grande tarefa e poder fazer perceber prazeres e conseqüentemente poderes nas pessoas em situações que não nos remetam a risco, a culpa a sensação de imoralidade.
E neste sentido não queremos eliminar o sexo e as drogas de nossas ações, o que queremos e que sexo, drogas e tudo o que promove prazer possa ser vivido e sentido de maneira que nos ofereça sensação de capacidade, de potencialidade, que nos de poder e não que nos coloque na situação de quem não tem de quem não sabe sentir, de quem precisa receber e não pode dar.
Trata-se então em um primeiro momento de poder aceitar o prazer em nossas vidas como um elemento vital, como comer, beber, dormir etc.
Uma vez assumindo que temos o direito e o de ver de sentir prazer, já nos encaminhamos para o caminho de poder viver não pela dor, mas pela vida.
Exemplos práticos são estes que tentamos criar e utilizar em nossas intervenções, a revista que permitem comunicar os prazeres, as ações de seu, os teatros, etc.
Principalmente e sempre é o olhar o outro pela sua capacidade de sentir prazer sem depois estar fadado à dor.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Rita responde:

Acredito que o tema "Prazer" é importante para a atuação em situações de vulnerabilidade, porque a vida das pessoas está muito difícil, muito complicada e elas precisam de ajuda para descobrir e vivenciar momentos de alegria, de esperança, de prazer de viver. Estamos rodeados de coisas, mensagens, notícias e pessoas negativas. Vemos em geral o que é feio, o que falta.... parece-me importante descobrir o belo, o que já tem, "os cinco peixes e os dois peixinhos" com os quais se pode fazer um milagre. Identifiquei-me muito com o texto "Eu previno, tu prevines...." porque sempre achei que para um bom acompanhamento de dependentes químicos é necessário atividades relaxantes, brincadeiras, descobrir coisas que eles gostem de fazer, passear com eles, fazer coisas que todo mundo faz. Repressão até em casa terapêutica não é nada terapêutico!!! Creio que o que torna mesmo as pessoas cada vez mais vulneráveis é o negativismo, é o peso da dor, do sofrimento, das dificuldades, do "não poder", "não ter", "não conseguir".... tudo lhes é negado. Quem é que vai ser forte deste jeito?!Jà ouvi dizer muitas vezes que dependente químico a gente tem que tratar é com dureza...... pra que mais dureza do que já ser um dependente químico? Proporcionar prazer, alegria, contentamento não tem nada a ver com facilitação. Foi por reflexões como estas que escolhi o nome da nossa Associação: O Amor é a Resposta. Amor e prazer aqui são a mesma coisa, como no texto enviado prazer e felicidade coincidem.Podemos relacionar os prazeres com todos os temas anteriores no sentido de que o Tratamento Comunitário é para a vida ser melhor: não só a vida de um indivíduo, mas de uma comunidade. Isso não se faz sem festa, alegria, dança, música, felicidade. É isto que queremos fazer em nossa comunidade. No próximo dia 08 de agosto teremos a "Festa da Paz"... e semana que vem, no dia 20 - teremos a Festa da Amizade. De festa em festa vamos fazendo prevenção com adolescentes que embora em situação de risco, não são dependentes químicos. Abraços a todos!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sergio responde:

Reich,ao apontar a sociedade como produtora de relaçoes e efeitos,pondera que os mecanismos fundamentados no autoritarismo produzem repressao da expressao humana nos seus aspectos da sexualidade,da emoçao e do prazer,agenciando sujeitos social e culturalmente adaptados,passiveis de opressao e exploraçao.Interfirir na descontruçao de couraças produzidas por tais mecanismos e restaurar um reencontro com a pulsaçao de vida que ficou aprisionada por esses processos,de modo que isso promova uma mudança nao só no nível individual,mas tambem no coletivo,requer a busca de uma sociedade mais solidária e democrática,pressupondo a existencia de cidadaos livres,e isso só se consegue com a eliminaçao dos mecanismos culturais ideológicos repressivos da emoçao,da sexualidade e do prazer.Penso que o uso da droga está relacionada ao alívio imediato da dor e consequente busca ilusória do prazer.Com esta leitura ,para que as pessoas sejam livres e possam usufruir do prazer,é necessário trabalharmos de outra maneira que nao a repressao.

Marta responde:

Gostei muito do texto sugerido,ele me tocou pessoalmente e disse o essencial.Deixo aqui um trecho da Clarice Lispector e um de Guimaraes Rosa,espero que sintam-se tocados:
“.. O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor ao insólito prazer. A alegria verdadeira não tem explicação possível, não tem a possibilidade de ser compreendida – e se parece com o início de uma perdição irrecuperável. Esse fundir-se total é insuportavelmente bom – como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não é a morte, é a vida incomensurável que chega a se parecer com a grandeza da morte. Deve-se deixar inundar pela alegria aos poucos – pois é a vida nascendo. E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida. Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor, em qualquer silêncio ou em várias palavras sem sentido. Pois o prazer não é de se brincar com ele.
Ele é nós.”Guimaraes Rosa:
["mire veja o mais importante e bonito do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. afinam ou desafinam." (...) "o correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. o que ela quer da gente é coragem". joão guimarães rosa]
Pois é,o prazer dissociado de um sentido da vida reduz-se a uma mera satisfação ou contentamento. É um analgésico da felicidade: alivia mas não cura.

SEMANA V

TEMA DA SEMANA:

MEDO E DEFESA PSIQUICA

PERGUNTA DA SEMANA

Com base na bibliografia sugerida e buscando outras bibliografias que possam apoiar o analise, realizar uma reflexao considerando os seguintes pontos: Que coisas do cotidiano nos produzem medo? Quais estrategias utilizamos para nos proteger?

Maysa responde:

O medo é algo ao que estamos condicionados, muito de nós temos um condicionamento muito rígido desde a infância. Por isso criando alguns mecanismos para nos afastarmos dessas situações que nos causam medo. Para complicar mais a nossa situação, a nossa sociedade não valoriza a criatividade que leva a uma abertura de consciência e entendimento de novas possibilidades. Quando temos consciência maior sobre nós mesmos e sobre as coisas é que conseguimos transformas essas possibilidades em fatos e eventos. Enquanto nossa criatividade estiver sendo sufocada, nossos medos serão resolvidos através dessas defesas psíquicas que criamos para evitar situações. Acho que o que evitamos não é o perigo em si que a situação nos causará. Evitamos simplesmente o medo que nem sempre é aquele que nos protege, mas aquele que está associado a crenças as quais estamos condicionados.

Marina N responde

A sociedade atual, segundo Debord (1975), corresponde à sociedade do espetáculo, ou à cultura do narcisismo. O projeto da modernidade tem suas raízes no século XVIII com o iluminismo, sua principal característica era a de creditar a razão para explicar racionalmente os fenômenos naturais e sociais e a própria crença religiosa. Representava a hegemonia intelectual da visão do mundo da burguesia européia, abrindo caminho para a revolução francesa. Surge então o renascimento que fornecia o lema “Liberdade, igualdade, fraternidade”, tendo como principal precursor René Descartes. Dentro desse contexto, surge o liberalismo econômico que sustentava a necessidade de uma economia livre, no qual a verdadeira riqueza das nações está no trabalho, que deve ser dirigido pela livre iniciativa dos empreendedores. Também nesse século, irá surgir o romantismo, outra corrente em reação a ênfase ao culto frio da razão, o iluminismo. Pregava que nós agimos conforme nossas crenças, por isso nada pode ser considerado plenamente exato. Tudo varia de acordo com nossa percepção. No romantismo, o homem se descobre livre para ser ele mesmo. Seus sonhos podem se tornar realidade. Nada é impossível. Mas o que vemos no sujeito pós-moderno? Diferentemente dessas idéias “ a livre iniciativa se alia ao mercado que submete a mídia ao ícone do consumo, formatando objetos a serem consumidos, corpos a serem produzidos, culturas a serem absorvidas, sujeitos a serem diluídos”.
Um mundo pós-moderno que vive da idealização do lucro e do sucesso, o outro é coisificado, transformado em objeto de uso descartável, o predomínio de uma moral hedonista que ensina que o importante é tirar o proveito de tudo e de todos. Para Jurandir Freire Costa, a descrença nas instituições, na política, nos valores coletivos, tem nos levado ao cinismo, à violência, à delinqüência e ao narcisismo.
Na construção da modernidade no século XVIII, definiu-se o sujeito pelo espaço de sua interioridade e, nesse espaço, aquilo que era considerado como algo da experiência e da loucura era o fato do sujeito perder esse espaço, essa dimensão da interioridade, e, portanto, se deixaria de ser sujeito. Isto é, o ponto da ancoragem de que o sujeito tem a sua verdade, a sua ética definidas pelo campo, a interioridade tinha como contraponto uma idéia fundamental de que o sujeito enlouqueceria na medida em que perdesse o espaço de sua interioridade e se transformasse num sujeito exteriorizado, ele seria um louco.
O sujeito da atualidade, enquanto sujeito auto-centrado, enquanto predador, enquanto sujeito que quer gozar num eterno presente, é um sujeito que vive no espaço da exterioridade.
Dito isso, podemos tentar entender o valor que a psiquiatria nos últimos 20 anos confere a síndrome do pânico, às depressões e as toxicomanias. O sujeito panicado vive o pânico permanente de se expor à uma situação do espaço público, de se colocar sob o olhar dos outros, de poder ocupar a cena. O sujeito deprimido é aquele que sofre de um excesso de interioridade e, por isso, dentro da sociedade do espetáculo, ele é considerado insuportável. Hoje, a psiquiatria passou a tratar dos depressivos e panicados a base de psicofármacos para que o sujeito pare de cavilar tanto sobre a sua interioridade e se aproxime mais do espaço exterior, enfim se transformar num cidadão da sociedade do espetáculo.
Segundo Jair Santos, vivemos em uma sociedade pós-moderna que visa o espetáculo, simulação e sedução. Isto faz com que os sujeitos vivam trocando seus valores pelo modismo de seus ideais.
Para Santos, o mundo pós-moderno o individuo gira em torno de três apoteoses: consumista, hedonista e narcisista.O consumo desenfreado de bens materiais, o hedonismo do prazer moral na satisfação do aqui e agora e também glamuralização da auto-imagem; e o narcisismo militante dos neo-individualistas. E assim a vida convertida em espetáculo continua onde tudo pode funcionar em função da beleza, da magnitude, do fantástico, etc.
Concluímos com isso que pós-modernidade é consumidora de informações que controla e movimenta –se através da sedução. E o modismo e a moda ditam os ritmos sociais que leva o individuo a extravagância e liberdade combinatória com ritmo de fantasia.Tudo gira em torno da promessa personalização que aliena através das mensagens de desejo e fantasia junto com erotismo, humor e moda e faz com que as pessoas reajam negativamente às situações de medo, ou seja, com fuga e esquiva, não se permitindo ter acesso a esse sentimento também necessário ao nosso crescimento.


Bibliografia:
SANTOS, Jair Ferreira dos. O que é o pós-moderno. Rio: Brasiliense, 1986.
DEBORD. Guy. A Sociedade do Espetáculo. Contraponto, 1975.

Jaqueline responde:

Mecanismos de Defesa
Para Freud, o aparelho psíquico encontra-se bombardeado frequentemente por conflitos e situações que provocam ansiedade. Nosso psiquismo ameaçado, buscando afastar ou eliminar essa ansiedade, encontraria então meios de lidar com essa situação. Esses “meios” seriam então os Mecanismos de Defesa que surgem em pessoas saudáveis, mas que em excesso, são indicadores de sintomas neuróticos. São eles: Racionalização, Identificação, Negação, Repressão, Projeção, Regressão, Sublimação, Formação Reativa, Deslocamento, Introjeção e Compensação.
RACIONALIZAÇÃO A pessoa encontra respostas lógicas tentando assim afastar o sofrimento.
IDENTIFICAÇÃO O indivíduo assimila alguma característica de outra pessoa, adotando-a como modelo.
REPRESSÃOEla afasta de nossa consciencia uma idéia ou evento que poderia causar ansiedade. Esse conteúdo reprimido no entanto, não é eliminado e continua no inconsciente. O resultado seriam algumas doenças psicossomáticas que poderiam estar vinculadas à essa repressão, tais como: asma, artrite, algumas fobias e frigidez.
NEGAÇÃOQuando ocorre algo que nos incomoda profundamente, há a tendencia a não aceitar esse ocorrido, ou lembrá-lo de modo incorreto. Podemos fantasiar também o que houve na tentativa de distorcer e minimizar assim, o impacto do evento.
FORMAÇÃO REATIVA Há uma inversão do desejo real que é ocultado. Uma pessoa por exemplo, extremamente rígida em relação à moral ou sexualidade, pode estar ocultando seu lado permissivo e imoral.A pessoa justifica, explica e tenta de certa maneira usar a lógica pra disfarçar os verdadeiros sentimentos. Aquilo que não é facilmente aceito, é “explicado” numa tentativa de tornar o indivíduo mais conformado diante de determinado fato.
PROJEÇÃO Quando o indivíduo coloca no outro, sentimentos, desejos ou idéias que são dele próprio. Esse mecanismo ajudaria então a lidar de uma maneira mais fácil com esses sentimentos. A dificuldade em admitir determinadas ‘falhas” em nossa personalidade seria projetada no outro.
REGRESSÃO Quando a pessoa, vivendo uma difícil realidade, retorna à atitudes anteriores. O indivíduo busca uma situação ou comportamento mais infantil. A criança pode voltar a esse estágio quando nasce um irmãozinho, voltando à chupeta ou à mamadeira.
DESLOCAMENTO Ao invés de agredir determinada pessoa (um chefe, por exemplo) a agressão é direcionada à um colega ou à um subalterno.
INTROJEÇÃO O indivíduo toma para si características de outra pessoa. É comum ver adolescentes introjetarem características de seus “ídolos”.
SUBLIMAÇÃOO impulso é canalizado a outros interesses. A impossibilidade de ter filhos por exemplo, é sublimada pelo afeto à bichinhos de estimação; cachorros, gatos, etc…Todos esses mecanismos atuam inconscientemente numa tentativa de amenizar a ansiedade e diminuir o conflito interno que a situação real poderia causar ou já estaria causando

Raquel responde:


Eu gostaria de refletir sobre o MEDO que aprendemos a ter de SENTIR DOR.
Aprendemos desde pequenos que não podemos sentir dor, que estamos protegidos quando não sentimos a dor. Por isso buscamos sempre alivio a ele , seja ela uma dor de coração, uma dor de amor, uma dor física.
Nossa cultura latino americana nos ensina que devemos estar sempre bem. Quando perguntamos a alguém como esta , a resposta que queremos é sempre aquela -TUDO BEM.
Como se ter dor , qualquer uma delas, nos diminui e nos fragiliza. E porque não podemos ser frágeis?
A dor na verdade é fundamental para qualquer que seja nosso crescimento, psíquico e social, é através dela que nos transformamos, que revemos nossos conceitos, que atuamos, que repensamos e refazemos.
O medo da dor nos impede de conhecer a não dor, nos faz prisioneiros das nossas próprias defesas .
Devemos enfrentar e acreditar na nossa capacidade de enfrentar a dor. Só assim viveremos no nosso mundo real.

Andrea responde:

O SolJota QuestComposição: Antônio Júlio Nastácia
Ei, dor!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
Ei, medo!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada...
E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou... (2x)
Gosto muito dessa música e penso nela quando estou em situações que me deixam com medo, por exemplo, nos momentos em que preciso falar em público ou uma situação nova, inesperada, que representa perigo, surge o medo. Mas também acredito que ele existe para nos alertar contra o perigo.Li num artigo da psicóloga Rosimeire Zago que “a intensidade do medo é intensificada pelo histórico de cada um e diante de nosso medos, só nos restam duas altenativas: lutar ou fugir”. Ela também coloca que em princípio, lutar pode ser uma reação positiva e isso não significa que fugir seja uma reação negativa. Tudo depende da situação e é preciso reconhecer os próprios limites. Quando há uma situação de ameça real à vida, o medo é uma reação patológica, mas de proteção e autopreservação e o mesmo não acontece quando estamos sob o domínio do pânico e o medo passa a tomar conta de nossa consciência e não fugimos nem enfrentamos, ficamos paralisados e sem controle e nesses casos, deve-se procurar a origem para agir.Acredito que é importante pensarmos no que o medo simboliza para nós, o que ele de fato representa, porque quanto mais o negamos, mais poderoso ele se torna. “...mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo.” Luis Fernando Veríssimo

domingo, 5 de julho de 2009

Mariana compartilha:

Pessoal, lembrei de uma música sobre medo do Lenine, um grande músico brasileiro, essa música tem duas versões: uma com o cantor espanhol Pedro Guerra e uma com a cantora mexicana Julieta Venegas.
Segue a letra:
Tienen miedo del amor y no saber amar
Tienen miedo de la sombra y miedo de la luz
Tienen miedo de pedir y miedo de callar
Miedo que da miedo del miedo que da
Tienen miedo de subir y miedo de bajar
Tienen miedo de la noche y miedo del azul
Tienen miedo de escupir y miedo de aguantar
Miedo que da miedo del miedo que da
El miedo es una sombra que el temor no esquiva
El miedo es una trampa que atrapó al amor
El miedo es la palanca que apagó la vida
El miedo es una grieta que agrandó el dolor
Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá
Tenho medo de acender e medo de apagar
Tenho medo de esperar e medo de partir
Tenho medo de correr e medo de cair
Medo que dá medo do medo que dá
O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como um laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar
Tienen miedo de reir y miedo de llorar
Tienen miedo de encontrarse y miedo de no ser
Tienen miedo de decir y miedo de escuchar
Miedo que da miedo del miedo que da
Tenho medo de parar e medo de avançar
Tenho medo de amarrar e medo de quebrar
Tenho medo de exigir e medo de deixar
Medo que dá medo do medo que dá
O medo é uma sombra que o temor não desvia
O medo é uma armadilha que pegou o amor
O medo é uma chave, que apagou a vida
O medo é uma brecha que fez crescer a dor
El miedo es una raya que separa el mundo
El miedo es una casa donde nadie va
El miedo es como un lazo que se apierta en nudo
El miedo es una fuerza que me impide andar
Medo de olhar no fundo
Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha
Medo de se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo
Medo de pedir arrego, medo de vagar sem rumo
Medo estampado na cara ou escondido no porão
O medo circulando nas veias
Ou em rota de colisão
O medo é do Deus ou do demo
É ordem ou é confusão
O medo é medonho, o medo domina
O medo é a medida da indecisão
Medo de fechar a cara
Medo de encarar
Medo de calar a boca
Medo de escutar
Medo de passar a perna
Medo de cair
Medo de fazer de conta
Medo de dormir
Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez
Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar
Medo... que dá medo do medo que dá
Medo... que dá medo do medo que dá

Maria Clara responde:

O cotidiano em si é um natural produtor de medo. Nos causa medo as situações novas, as pessoas, os pensamentos das pessoas, o local onde as coisas acontecem, a reação das pessoas, as críticas, a falta de críticas, a convivência com as pessoas, a solidão, as multidões, o novo, o velho,etc...Querer fazer alguma coisa nova, por si só produz medo, e de certa forma produz sofrimento. Em geral como forma de proteção nos isolamos, ou procuramos formar alianças para que o enfrentamento das situações não nos peguem sozinhos. O escritor português José Luiz Peixoto descreve o medo e o sofrimento de uma forma poética e interessante, em especial em uma de suas obras: Uma Casa na Escuridão - "Compreendi o sofrimento de repente, como se descobrisse um homem suspenso, imóvel, perdido e imóvel dentro de ser só o sofrimento e o mundo. Poucos momentos no céu e tudo têm sentido.O medo e o sofrimento como um gesto desse mundo de sonhos esquecidos e de rostos inúteis. Compreendi que no sofrimento existe um espelho com todo o tempo, um espelho que é concreto e invisível. Tudo é concreto e invisível: dentro de mim e longe de mim. Longe do toque dos meus dedos e dentro do meu peito. Compreendi que o fumo e o vento existem dentro do sofrimento. Quem conhece o fumo e o vento conhece o respeito pelo terror. O medo existe dentro do terror, muito perto do terror, como os homens existem muito perto de perder tudo. O medo, muito perto do terror, é um silêncio de homens e mulheres que existe no momento em que todos, homens e mulheres, percebem que existem muito perto de perder tudo. Dor e sofrimento nos olhos. Conheci o sofrimento de repente e foi muito cedo. O medo como um crepúsculo de nuvens. O medo incrível e impossível. O medo entre muros de medo. O medo é um segredo que só o silêncio de um rosto conhece. O medo entre muros de medo. Mulheres e homens, todos sozinhos, suspensos e imóveis num segredo único: o medo muito perto do terror."Outro artigo interessante é o de Arnaldo Celso do Carmo que faz um comparativo entre a Dor e o Sofrimento (envio o anexo a parte para que seja disponibilizado a todos)

Ricardo responde:

Vivermos em uma sociedade de consumo, cheia de padrões (beleza, moda, comportamento, etc.), e de intensa concorrência. Estes dois aspectos (os padrões pré- estabelecidos ou a concorrência) acabam gerando um sentimento constante de insegurança; medo. Que nos faz, perder a nossa própria identidade. Como forma de superação, passamos a ser “o modelo”: Estamos sempre “seguro”, “decididos”, “atualizados” nas informações e nas novas tecnologias, compramos a roupa de grife, temos o novo modelo de celular, o carro do ano... Todo este comportamento na verdade é para esconder os nossos medos: de não ser aceito, de não demostrar fragilidade, de não querer mostrar o verdadeiro EU, com todas as virtudes, qualidades e defeitos. O que é inerente a todo o ser humano.

Mariana responde:

Vivemos na era do medo: temos medo de não sermos amados, medo de não sermos felizes, de não conseguirmos um emprego, de perdê-lo, de ficarmos doente, de não termos, de termos em demasia, de errar, e etc.Sartre já dizia que “Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a ver com a coragem.”O medo faz parte da condição humana, sentimos medo toda vez que nos sentimos ameaçados ou deparamo-nos com o desconhecido.
Para Rubem Alves “O medo não é uma perturbação psicológica. Ele é parte da nossa própria alma. O que é decisivo é se o medo nos faz rastejar ou se ele nos faz voar. Quem, por causa do medo, se encolhe e rasteja, vive a morte na própria vida. Quem, a despeito do medo, toma o risco e voa, triunfa sobre a morte. Morrerá, quando a morte vier. Mas só quando ela vier. Viver a vida, aceitando o risco da morte: isso tem o nome de coragem. Coragem não é ausência do medo. É viver, a despeito do medo.”Alguns filósofos diziam que todos os medos poderiam ser correlacionados com o medo da morte, o grande desconhecido para a condição humana.Rubem Alves vai mais longe: acredita que nós, humanos, somos os únicos animais a ter prazer no medo. A colina suave não seduz o alpinista. Ele quer o perigo dos abismos, o calafrio das neves, a sensação de solidão. Como disse Cecília Meireles “A solidez da terra, monótona, parece-nos fraca ilusão. Queremos a ilusão do grande mar, multiplicada em suas malhas de perigo.."
Humanos que somos vivemos a ambivalência do sentimento do medo, fugimos e somos seduzidos ao mesmo tempo por ele, uns mais, outros menos.Quem nunca foi a um parque de diversão e não se sentiu extasiado pelo medo causado por um brinquedo?
Zygmunt Bauman, sociólogo polonês em entrevista sobre seu livro Medo liquido, faz uma análise genial sobre o medo contemporâneo:“Os medos agora são difusos, se espalharam. É difícil definir e localizar as raízes deles, já que sentimos e não vemos… Isto é o que faz com que os medos contemporâneos amedrontem tão terrivelmente e os seus efeitos sejam tão difíceis de amenizar. Eles emanam virtualmente em todos os lugares. Há os trabalhos instáveis, as constantes mudanças nos estágios da vida, as fragilidades das parcerias, o reconhecimento social só dado ‘até segunda ordem’ e sujeito a ser retirado sem avisos prévios, as ameaças tóxicas, a comida venenosa ou com possíveis elementos cancerígenos, a possibilidade de falhar num mercado competitivo por causa de um momento de fragilidade temporária ou por causa de uma falta de atenção momentânea, as ameaças que as pessoas sofrem nas ruas e a constante possibilidade de perda dos bens materiais...
Os medos são muitos e diferentes, mas eles alimentam uns aos outros e a combinação destes cria um estado na mente e nos sentimentos que só pode ser descrito como um ambiente de insegurança. Nos sentimos inseguros, ameaçados, não sabemos exatamente de onde vem esta ansiedade e como proceder. Os medos não têm raiz. Esta característica líquida do medo faz com que ele seja explorado política e comercialmente. Políticos e vendedores de bens de consumo acabam transformando esta característica em um mercado lucrativo. O comum é você tentar reagir, fazer alguma coisa, tentar desvendar as causas da ansiedade e lutar contra as (invisíveis) ameaças e isso é conveniente do ponto de vista político ou comercial. Tal atitude não vai curar a ansiedade, só alimenta esta indústria do medo. Adquirir bens em prol da segurança só alivia alguma tensão e por um breve tempo.
Para governos e mercado é interessante, portanto, manter aceso estes medos e, se possível, até estimular o aumento da insegurança. Como a fonte das ansiedades parece distante e indefinida é como se dependêssemos de especialistas, das pessoas que entendem do assunto, para mostrar onde estão as causas do sofrimento e como lutar contra ele. Não temos como testar a verdade que nos contam, só nos resta, então, acreditar no que dizem. Da mesma forma como quando nossos líderes políticos nos falaram que Saddam Hussein tinha armas de destruição de massa e estava pronto para detoná-las ou quando nos dizem que nossas preocupações e problemas acabarão quando os emigrantes forem enviados para casa. A natureza dos contemporâneos medos líquidos abre ainda um enorme espaço para decepções políticas e comerciais.”
Diante de tantos medos, nossso aparelho psiquico precisa se defender , e é ai que nascem os mecanismos de defesa que podem ser considerados as ações psicológicas que têm por finalidade reduzir qualquer manifestação que coloca em perigo a integridade do Ego, do eu, pois do contrário o indivíduo não conseguiria lidar com situações que por algum motivo considerasse ameaçadoras. São processos inconscientes que permitem a mente encontrar uma solução para conflitos não resolvidos ao nível da consciência. A base dos mecanismos de defesa são as angústias. Quanto mais angustiados estivermos por causa do medo provocado, mais fortes os mecanismos de defesa ficam ativados.

Patricia S responde:

Que coisas do cotidiano nos produzem medo? Que estratégias utilizamos para nos proteger?
Tendemos a ter medo do que é novo e desconhecido para nós. Em certo grau esse sentimento (medo) é saudável e pode até nos proteger de algumas ciladas que a vida coloca a nossa frente; pode funcionar como um alerta, um sinal para pensar e analisar melhor uma situação a fim de decidir mais seguramente sobre que caminho tomar; neste sentido o medo é saudável.
Do contrário, o medo pode ser tamanho ao ponto de paralisar e bloquear nossas decisões, neste caso, será um empecilho ao desenvolvimento. Diante do novo, muitas vezes, a tendência natural é fugir, adiar uma escolha urgente, deixar para depois o que precisa ser feito e dito no hoje.
No geral, também temos dificuldade de expor nossas fragilidades, defeitos, dificuldades diante do outro. A estratégia, neste caso, é mostrar-se sempre forte e seguro de si quando na verdade estamos sofrendo por dentro.
O texto da semana trás uma reflexão importante sobre como a cultura do consumo aproveita o sofrimento psicológico para impor a sua ordem com a estratégia de que a cura de seus males está no palpável, ou seja, a cura para os nossos males transforma-se em mercadoria.
Porque estamos sempre trabalhando na perspectiva de um futuro distante, de algo a alcançar?
O texto sugerido para os trabalhos desta semana reforça a importância de pensarmos sobre a idéia comum de que a felicidade está sempre fora de nós ou no outro, em algo que seja atingível. “A cultura do consumo coloca o sujeito na condição de portador de um sentimento permanente de vazio desesperançado, sentimento este que contribui para a crença de que o “remédio” para a cura de seus males pode ser adquirido, comprado, ingerido, incorporado.” Estamos sempre muito cansados, “estressados”, vivemos uma busca constante, estamos esquecendo de viver os prazeres e realizações do HOJE.
Bibliografia: Tênue esperança no vasto caos: questões do proto-renascimento do século XXI. Jorge Wilheim. São Paulo – SP. Paz e Terra, 2001.
O médico, Rubem Alves. Campinas - SP. Papirus, 2002.
Filme:
O diabo Veste Prada
Vídeos:
A História das Coisas - Dublado Parte 1 http://www.youtube.com/watch?v=ZpkxCpxKilI&feature=related
A História das Coisas - Dublado Parte 2 http://www.youtube.com/watch?v=ZgyNw5pIXE8&feature=related