sábado, 18 de julho de 2009

Patricia S responde:

Primeiro dizer que gostei muito da leitura sugerida para este tema, li o material com muito prazer. Começo a reflexão da semana dizendo (o que já é do conhecimento de todos/as) que a dinâmica social que vivenciamos nos dias atuais é complicada. É tudo acontecendo ao mesmo tempo agora. Como dizia o poeta, mais do que nunca: “O TEMPO NÃO PÁRA” e nós também não. Esquecemos os prazeres do cotidiano, das coisas simples, do contemplar uma bela paisagem, de escutar uma boa música, de aproveitar os momentos em que estamos com nossos/as amigos/as, familiares ou pessoas queridas. Tudo é muito efêmero e passageiro. Acabamos cumprindo nossas agendas diárias (sempre muito densas) sem tempo de sentir prazer ou pensar mais profundamente no que fazemos. Fazemos muitas coisas legais, mas não temos tempo de contemplar, aprofundar, socializar com nossos pares o que estamos fazendo, o que estamos pensando. Tudo isso para dizer que o prazer é o tempero da vida, seja em nossos relacionamentos afetivos ou profissionais. A satisfação com o que fazemos gera prazer e irradia um clima agradável em nossas relações. Segundo Fortete a busca de prazer é inata ao ser humano, e coisas estão ocorrendo nas sociedades ocidentais modernas que impedem que esse prazer seja satisfeito. A autora chama ainda atenção para necessidade de gerar a cultura do cuidado, do prazer satisfeito, da vida vivida, das eleições escolhidas, e as decisões decididas, livre, consciente e se possível, espontaneamente, em prol de uma sociedade integradora, e não unicamente inclusiva. Gostaria de uma explicação melhor quanto a essa proposta de uma sociedade integradora e não unicamente inclusiva. Hoje se usa tanto essa palavra (inclusão), talvez esse termo insinue que o outro precisa ser incluído em um modelo que alguém julga ser o ideal, o padrão, mas que não necessariamente supre as necessidades coletivas. Seria isso? Quando falo em integrar entendo que estaríamos unindo crenças, ideais, prazeres que se complementam, sem a pretensão de dizer o que seria melhor para outro. Acredito que o tema está intimamente relacionado com as outras temáticas e que poderia ter sido um dos primeiros temas propostos nesta formação. Finalizo socializando um fato que muito me sensibilizou sábado passado quando participava da 1ª Feira Solidária realizada na comunidade ARATU (área de ocupação aqui do bairro que abriga quase 90 famílias) nosso foco na proposta do Tratamento Comunitário aqui em Bayeux. Eu estava responsável pela banca onde estavam expostas as roupas e chegou uma criança dizendo que queria escolher uma camisa (presente) para seu irmão. Ajudei na escolha dando algumas opiniões e quando enfim conseguimos encontrar a peça, a satisfação da criança foi tanta que me sensibilizei com a cena. Penso que nosso povo vive privado de muitos prazeres, isso, em muitos casos, explica quanta violência temos em nossa sociedade. Vivemos em função de suprir nossos prazeres, é a lei da sobrevivência. Paulo Freire já dizia nos alertava para isso: “Jamais seremos livres sozinhos; só seremos livres juntos.”

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