De onde partimos, para onde vamos e quando e como chegamos .
Estas são as constantes perguntas que fazemos seja na Lua Nova que no Centro de Formação.
Não creio que apesar de já muitos de nos instrumentalizados e capazes de desenvolver indicadores e pistas para avaliar estamos fazendo segundo diz os manuais.
Isto não é e pode ser bom ao mesmo tempo.
Nós como muitos similares a nos temos a cultura de fazer, de criar, de produzir, mas não aquela de entender de onde saímos e para onde vamos e se chegamos realmente.
Não é bom, porque muitas vezes pode nos dar a sensação de que estamos rodando em circulo e que este circulo de virtuoso passa a vicioso, dependendo da pessoa, do direcionamento e da dificuldade que encontramos.
Por outro lado pode ser bom, por não paralisar, para não frustrar ou desanimar. E ai alguém diz, indicadores não são controladores de fracasso, mas sim visualizadores de sucessos e gargalos e facilitadores de processo.
Concordo plenamente, mas acredito que estamos amadurecendo cada vez mais na necessidade de realmente usá-los.
Antes disso devemos alinhar os nossos referenciais ou pelo menos os referenciais do que o grupo que esta atuando tem.
Vou dar dois exemplos que para mim são importantes.
Estive em Bangladesh há 2 anos mais ou menos e fui para conhecer o trabalho de Mohamed Yunus , que havia erradicado a pobreza do pais com seu microcrédito.
Cheguei la, e vi pobreza, sujeira, caos. Me perguntei e perguntei aos que estavam comigo. Que pobreza é essa que ele erradicou. È tudo uma grande mentira.
Mesmo assim fui visitar os vilarejos e os bancos . Ratos e baratas eram animais comuns naqueles lugares. Eu perguntei a um gerente do banco. Mas como é que vcs dizem que estão erradicando a pobreza, se tudo isso parece tão precário?
Ela me respondeu que para Yunus , no contexto de Bangladesh pobreza era a pessoa estar vulnerável a doenças e catástrofes. Assim ele elencou uma serie de itens que uma pessoa devera ter em sua vida para evitar empobrecer por estes dois motivos, e então os créditos feitos em primeiro lugar eram para evitar a morte por doenças e catástrofes. Assim, os créditos eram feitos em primeiro lugar para que as pessoas tivessem banheiro em casa, água potável, plantações, animais que dessem leite e ajudassem na sobrevivência, após estes sim é que uma pessoa poderia adquirir credito para montar sua lojinha ou alugar o celular.
Então analisando deste prisma todas aquelas famílias poderíamos dizer que sim estavam prontas para não morrerem , pois haviam conquistado com os créditos, seus banheiros, água etc.
Outro dia , aconteceu um escândalo na Lua Nova , o vizinho muito bravo com as crianças que jogavam pedras na sua casa , e fraldas, alem das meninas que cantavam musicas obscenas e não educativas. Este senhor, um bom senhor, com sua esposa foram os únicos que não assinaram a um abaixo assinado da vizinhança para retirar a Lua Nova de lá.
Conversando com ele , tentando entender como solucionar a questão ele me diz:
Raquel, já faz tempo que vcs não educam mais na Lua Nova , e tudo aquilo que aparece na televisão não é verdade, e sabe porque? Porque elas entram meninas e saem homens, e isso é um indicador de que seu trabalho não funciona.
Parei , pensei, não respondi. Naquele momento me imaginei como Yunus, sendo avaliada por um modelo internalizado na cabeça de cada um , e como eu nunca havia deixado claro ao vizinho e talvez para ninguém que educar para mim não é atuar sobre a preferência sexual e sim sobre a relação . Fiquei quieta e sai.
Patricia disse:
ResponderExcluirOlá Raquel,
Gostei muito das suas resposta e das reflexões que faz quanto ao seu fazer diário. Acredito que em qualquer processo avaliativo essa abertura é fundamental, como também saber com clareza onde se quer chegar, o que se deseja atingir. Toda avaliação exige indicadores claros, acredito que neste aspecto precisamos (falo por mim) avançar muito. Precisamos também mudar as representações sociais que temos da avaliação, que seja um processo prazeroso. Valeu pela contribuição!!!