Acredito que fatores históricos, políticos e econômicos na produção e consumo das drogas, somados às características locais de cada país, nos permitem contextualizar seu uso abusivo entre os jovens de todas as classes sociais. A fuga dos problemas e da falta de perspectivas; a busca de vertigem e de prazer intenso; o apelo de aventura e de novas e fortes sensações – marcas de nossos tempos – são experiências facilmente encontradas no uso das drogas. Para jovens vindos de comunidades vulneráveis, onde proliferam as organizações do crime ligadas ao narcotráfico, a iniciação ao mundo das drogas pode propiciar sentimento de proteção e de pertencimento, tanto quanto de força, poder e prazer. De jovens excluídos, eles vislumbram a possibilidade de adquirir um passaporte para a aceitação social, ou seja, ter acesso a determinados direitos e bens de consumo. O crime vem exercendo forte atração no meio dos jovens carentes, pois significa maneira fácil e rápida de se ganhar dinheiro, em contraposição à pobreza que impera ali, entre seus pais, onde tudo só se consegue às custas de muito trabalho e de sacrifícios, sem gratificações, sem prazer. Almeja-se dinheiro, prestígio, poder e prazer e prevalecem os valores de um ethos da virilidade do qual nos fala Zaluar (1992, 1997). Garantia de lugar – ou de aceitação social – no interior de uma sociedade que os ignora. Aceitação social às custas da violência e da morte prematura, pouco importa.Nosso trabalho é então produzir transformações mais efetivas nas condições geradoras de vulnerabilidade nesses indivíduos.Desta forma, a palavra chave torna-se prevenção; ou seja, oferecer condições e opções que permitam ao jovem construir sua auto estima mais elevada e conseqüentemente sentir-se respeitado, parte ativa da comunidade (possuidora de direitos e deveres) que atuarão como base capazes de receber a estrutura que sustenta menores chances de vulnerabilidade.A prevenção é capaz de estimular condições individuais como: habilidades sociais, cooperação, vínculos positivos com as pessoas, autonomia e auto estima desenvolvida diminuindo assim, fatores de riscos individuais como: a insegurança, a insatisfação com a vida e sintomas depressivos, dando ao jovem a possibilidade de experienciar prazer na descoberta de suas habilidades, no cooperar, na formação de vínculos positivos e etc.
Nenhum comentário:
Postar um comentário