quarta-feira, 10 de junho de 2009

Mariana Navarro responde:


Atualmente estou trabalhando em um Programa do Governo do Estado de Pernambuco que tem como principal objetivo resgatar a cidadania, capacitar e oferecer alternativas a crianças, adolescentes e adultos que trabalham e moram nas ruas e que, diariamente, estão expostas a riscos como a exploração sexual, o consumo de drogas e também pequenos delitos. Buscar inclusão social e a reinserção dos atendidos nas famílias é outro objetivo do programa, que possui três pilares de sustentação: Os Centros da Criança e do Adolescente (CCAs), os Centros da Juventude (CJs) e os Centros de Atendimento aos Usuários de Drogas (Cauds). A manutenção das casas é feita pelo Estado e também pelas prefeituras.
O Programa tem como público alvo a população de rua. Vale esclarecer que por população de rua, entendemos todos aqueles que têm a rua como referência, independente de possuir casa ou não. São aquelas pessoas que passam a maior parte ou toda a parte do tempo na rua, dormindo, comendo, trabalhando, etc.
Acredito que a metodologia do trabalho do nosso programa, se aproxima do Modelo ECO2 na medida em que percebe os seus usuários como parte do processo, trabalhando, junto com ele, para seu crescimento e empoderamento, buscando oferecer espaços e situações que favoreçam o protagonismo. Nos Centros da Juventude acontece o que chamamos de Reuniões de Colegiado, grupos mensais de discussão sobre o cotidiano do Centro em que há participação ativa dos(as) jovens nas tomadas de decisões. É um espaço em que, além dos jovens, participam os educadores, instrutores, oficineiros, técnicos sociais e coordenadores. Também o trabalho com as famílias através das reuniões de famílias que acontecem, geralmente, uma vez por mês, permite o atendimento integral aos jovens evitando um olhar apenas sobre o “in-divíduo" e considerando suas redes de relações subjetivas.
No que se refere a atenção as redes comunitárias, entendo que a proposta do nosso programa condiz com a do Modelo ECO 2 ao planejar um diagnóstico do local que anteceda as ações, e de agir na comunidade e com a comunidade, porém, faço uma reflexão de que este resultado não tem sido totalmente alcançado. Ainda temos dificuldades em mapear as redes locais e promovermos interação dos Centros com a comunidade e, o que temos feito, tem acontecido durante o processo e não como planejávamos, ou seja, que fosse anterior às ações. Avalio que o grande número de jovens e o número reduzido da equipe possam vir a contribuir para que isto aconteça. Neste sentido, temos caminhado no sentido de levantarmos as redes existentes nas comunidades e de agendarmos participação nas reuniões de rede da cidade e da Região Metropolitana. No final do ano de 2008 promovemos também o que chamamos de “Cine Comunidade”, com exposição de filmes que foram solicitados pelos jovens e seus familiares. A exposição aconteceu em um espaço da comunidade de Santo Amaro, comunidade em que 400 jovens são atendidos pelo Centro. Nesta ação avalio que a baixa freqüência refletiu a dificuldade que ainda temos neste aspecto.
Por fim, percebo que, apesar do fato das ações serem desenvolvidas em um centro localizado na comunidade, ainda não possuímos a interação desejada com esta, dificultando assim, os resultados que esperamos alcançar..........

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