A Terapia Comunitária (TC) - metodologia de atuação comunitária com a qual atuo – estabelece uma boa interface com o modelo Eco 2. A filosofia, ética, leitura e prática propostas pelo modelo Eco 2 podem ser, portanto, identificados nas rodas de TC. Há aproximações e tambem diferenças que apresentarei suscintamente ao longo de minha reflexão.Nas rodas de TC e no modelo Eco2 os saberes locais são valorizados. Busca-se identificar quais são os valores, a cultura, a história, as zonas de poder e de conflito existentes e, no contexto comunitário, identificar possibilidades de resolução. No modelo Eco2 e na TC os protagonistas são as pessoas em suas comunidades. Considera-se em ambas perspectivas que as pessoas podem identificar suas necessidades e contribuir na resolução por meio do reconhecimento de saberes e identificação de talentos e habilidades locais. A diferença entre o proposto pelo modelo Eco 2 e a TC configura-se, por exemplo, na delimitação da área de atuação, pois na TC não há uma demarcação tão precisa quanto na proposta Eco2. A TC é uma metodologia com início, meio e fim. Parte-se de uma situação problema trazida por um dos participantes e, na sequência, uma das situações é escolhida pelo grupo. Esta situação será aprofundada e levada para o contexto coletivo a fim de oportunizar a criação e o fortalecimento de redes solidárias por meio da partilha de experiências. No modelo Eco 2 o protagonismo é o coletivo e não há um ritual que o contemple integralmente, pois cada contexto irá requerer intervenções distintas. È delimitado o território, feito o diagnóstico, o estudo das representações sociais, a identificação das minoria ativas, o que oportunizará a intervenção em rede adequada aquela situação específica.Na TC o conhecimento da realidade local ocorre na intervenção em si, durante as rodas de TC, ao passo que no tratamento comunitário o diagnóstico local da realidade local precede a intervenção. Tanto a TC como o modelo Eco2 estão alicerçadas sobre os princípios da inclusão, do empoderamento, da resiliência e da democracia, na qual os múltiplos saberes e a multicultura tem espaço e valor. A TC pode ser, desta forma, um dos recursos da rede utilizados sob o prisma da perspectiva Eco2. Para mim, foi muito importante fazer essa distinção entre a TC e a proposta do modelo Eco2, pois no início fiquei confusa pois não conseguia distingui-los. Numa conversa com a Dra. Maria Clara durante a formação em 2008 em SP me deu esse “click”, assim como os estudos que fui fazendo a posteriori. Caso seja do interesse do grupo poderemos ampliar esta reflexão das aproximações e diferenciações entre a Terapia Comunitária e o Tratamento Comunitário que se embasa no modelo Eco2.
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